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segunda-feira, 4 de abril de 2011

PROFESSORES SEM LIBERDADE

Todo profissional que encontra sucesso em sua área geralmente o atribui à sua vocação. Algo que nasceram para fazer e faz com paixão. Para os professores esta vocação tão declamada tem um outro peso, uma outra significância. Trata-se de uma missão. A missão de formar profissionais e acima de tudo cidadãos para o futuro. Ela bem que poderia ser uma médica de sucesso ou uma engenheira, arquiteta, uma executiva ou advogada como o pai. Mas Erin Cruwell quis se arriscar numa área bem mais apaixonante com a convicção de que iria fazer a diferença na vida de outras pessoas,particurlamente de seus alunos.

Jovens que já poderiam se sentir vitoriosos pelo simples fato de conseguirem sobreviver àqueles anos conturbados pela violência das gangues em Long Beach (EUA). Ela bem que poderia se acomodar em sua posição e “apenas tentar sobreviver, ganhar experiência e se arriscar numa outra área”, como sugerira seus colegas de trabalho. Mas Erin estava mesmo disposta a fazer valer o cargo que assumira com paixão. Entendia mais do que ninguém sua missão, que ela conscientimente se incumbiu. Não queria, ou melhor, desejava formar apenas profissionaís bem sucedidos. Afinal naquela época e nas condições sociais que os jovens estudantes do Sistema de Integração do Colégio Wilson se encontravam, era estatisticamente e por experiência, improvável que daquela turma da sala 203 saísse algum profissional altamente qualificado.

Cruwell enxergava bem mais além. Bem mais em formar homens e mulheres de bem e caráter suficientes para viver com dignidade naqueles em que a violência imperava e que tinha uma força descomunal sobre suas vidas. Força que nem mesmo os professores sonhavam em exercer sobre eles. Jovens que sucumbiam facilmente à esta realidade devido a inércia de alguns profissionais que nasceram com a vocação de ajudá-los a sair destas condições. Profissionais que faziam parte de um grupo ao qual Cruwell ousadamente se excluía. Movida pela paixão de seus ideais, ela se recusava a aceitar passivamente o descaso de seus colegas e a superficialidade do sistema de integração. Sistema governamental que tinha como objetivo inicial a inclusão de jovens marginalizados à sociedade através da educação.

Assim sendo ela teve o talento de unir um sala separada pela segregação das gangues fazendo valer a verdadeira essência do sistema. Ao fazer seus alunos acreditarem em si mesmos, ela conseguiu fazer com que soubessem deixar fluir o que é certo em momentos decisivos de suas vidas sufocadas pela violência. Tudo em nome de sua paixão pela profissão e especialmente pelo ser humano que orgulhosamente ajudaria a formar. A professora tornou-se um exemplo de inspiração para um seleto grupo de profissionais que tendem a lutar contra inimigos que basicamente seriam seus aliados nesta guerra contra a violência. Um sistema educacional deficiente, que nem de longe lembra do conceito de integração social, uma má renumeração da classe, o descaso do governo para com este sistema e consequentemente para com dele depende e,em alguns casos, contra um inimigo inesperado e bem mais forte do que qualquer outro.

Os próprios pais de alunos mal intencionados nas salas de aula. Pais superprotetores que nem têm noção do quanto mal está fazendo à sua própria família, ajudando a criar pequenos monstros que agridem de forma verbal e muitas das vezes até de forma corporal seus pais da escola. Há algum tempo atrás estes pais agiam em comum acordo com os pais biológicos de seus alunos. A escola tornava-se uma extensão de sua casa e os professores parte de sua família. Chamá-los de “tio” ou “tia” era prática de meninos e meninas que ingressavam na vida escolar. Hoje os professores perderam a liberdade desta posição, uma vez que os pais lhes tiram sua autoridade à frente dos filhos cada vez que os mesmos cometem atos inadimissíveis dentro de uma sala de aula.

Ao proteger seus filhos eles tiram dos professores o direito de educar, aniquilando qualquer tipo de tentativa de se unirem contra a violência ou qualquer outro adversário da sociedade. Quando os pais perceberem que os maiores inimigos se encontram fora das salas de aula e voltarem a reconhecer a participação dos professores na educação de seus filhos, será dado um gigantesco passo rumo a formação integral de cidadãos. Formação esta que tem como base a educação, sistema fundamental para fazer de qualquer país uma grande potência.

Como aconteceu com o Japão depois da Segunda Guerra Mundial. Totalmente devastado pela guerra,o país encontrou na Educação uma maneira de recuperar seu status. O pequeno país, que poderia facilmente ser considerado uma ilha, fundou seus alicerces no sistema e o resultado foi o que muitos não esperavam que pudesse ser possível. Foi o chamado “Milagre Japonês”,em que país colocou em prática o que todos sabemos. A educação é a base para tornar um país uma potência econômica e social. Isto é um fato.

E se até quem tem olhos bem pequenos consegue enxergar,por que não um país muito maior e de olhos bem maiores não consegue este feito? Está mais do que na hora de abrirmos os olhos para o valor único de um profissional diferenciado que exige mais do que investimentos financeiros de todos nós, autoridades governamentais, profisssionais, pais, alunos, sociedade. É preciso que seja lhes dado o que é de direito. O respeito , a autoridade e a força para fazerem o que nasceram para fazer. Ensinar nossos filhos a ler a cartilha da vida, rabiscar esbossos de cidadania e escrever sua própria identidade de futuros escritores da liberdade.

Escritores da liberdade (Freedom winters / 2006) Com Hillary Swanck e Patrick Dempsey

Veja também :
O diáro de Anne Frank
• Crash – no limite
• Meu mestre , minha vida
• O refúgio secreto
• Diário de um adolescente
• Gangues de Nova Iorque

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