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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Montagem pura

O filme “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes”, do inglês Guy Ritchie, reverencia os mestres da montagem com uma narrativa tênue e divertida. Faz de uma obra despretensiosa uma verdadeira aula de cinema técnico por meio das mais diversas características. De Eisenstein à Welles, rememora o que há de mais puro e importante em uma produção audiovisual, a montagem.

A raiz condutora de um filme nasce na cabeça de seu roteirista, é fato. Entretanto não há dúvidas que se sua cabeça não esteja em perfeita sintonia com sua habilidade e sensibilidade em decupar o roteiro, o filme não floresce. No longa de Ritchie percebemos que sua mente trabalhou de forma a buscar essa condução no momento de sua construção fílmica. Por ser roteirista e diretor, ele sabia de todo o seu plano de montagem, e pode criar uma teia unitemporal, entrelaçando a trama e guiando o espectador para onde ele quisesse.

A criação de planos de conjunto em quase todo o filme valorizou a tensão necessária para que a trama não perdesse o fio condutor. Como inserir mais de uma dezena de personagens em uma trama sem se tornar cansativo? Plano de conjunto, usando muito da profundidade de campo e montagem rítmica. A segunda tão importante quanto à primeira, já que muitas seqüências são conduzidas pela trilha sonora.

Pode-se dizer que Guy Ritchie tenha se especializado em montagem. É só assistir Snatch - porcos e diamantes (2000) e Sherlock Holmes lançado em 2009, para perceber que ele “bebeu em fontes” Einsensteisianas para conseguir sua própria linguagem. E também é certo que “Jogos, Trapaças...” tenha se tornado uma das obras mais didáticas dos últimos anos, por reunir diversão, sonoridade, um excelente roteiro, e principalmente, montagem pura.


Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (Lock, stock and two smoking barrels, 1998) dirigido por Guy Ritchie. Com Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Jasobn Statham e Nick Moran.

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