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terça-feira, 26 de abril de 2011

As piores, entre as melhores, coisas do mundo

O que torna a juventude especial? Que faz cidadãos de seus quarenta e tantos anos suspirarem por estes tempos que jamais voltarão? Bem, isso vem de cada um. A adolescência para muitos, principalmente para quem a está vivendo, é a pior parte do aprendizado da vida. O momento crucial onde a encruzilhada em que a vida nos conduz, desilude e coloca às mais terríveis provações, nossa personalidade em formação. É nesse estágio em que o jovem Mano descobre que o processo de crescer não é difícil, dependendo da forma de como você a encara. E isso é conduzido de forma singela por Laís Bogdanski em As Melhores Coisas do Mundo.

Através do roteiro de Luiz Bolognesi, as decepções da vida de adolescente, as descobertas de amor e sexo, os dramas familiares e o buylling, nos mostram o desenho de toda a sociedade atual, desacralizada pelo mundo pós-moderno. A concepção de família, vai de encontro ao que um dia era tão abjeto quanto se manter vivo. O jovem Hermano, interpretado por Francisco Miguez, aprendeu de forma abrupta todas essas lições, mas soube enfrentar todo esse turbilhão, o que não o salvou do sofrimento.

Ter um pai que se assume gay, pode complicar a vida den qualquer adolescente, principalmente no lugar onde passa por seus maiores dilemas juvenis, a escola. As instituições, palco de dez entre dez crueldades ofensivas à uma pobre mente em construção, sempre tem sua parcela de culpa no que pode vir a acontecer de errado a um adulto. Mano sofreu buylling, ao mesmo tempo em que se decepcionava com o “amor”. Ainda de tinha de enfrentar a instabilidade emocional do irmão mais velho, a incoerência de seus ideais, aceitar as escolhas do pai e ainda ser o pilar da reconstruçao de sua mãe. Parece um super-herói, mas é só um ser humano. Daí a sutileza do filme.

A diretora desfragmenta em atos tudo o que acontece na adolescencia de todo mundo, sendo com a intensidade mostrada no longa, ou não. Em momento nenhum à uma fórmula secreta para enfrentar este estágio da vida. O roteiro não se prende a vinganças juvenis, e nem exalta as qualidades do personagem central, apenas relata fatos que provavelmente o espectador tomará partido, por ser comum a qualquer um. Uma análise sem psicólogo.

A excelente trilha sonora não nos deixa esquecer que se trata da juventude. E cada vez em que acompanhamos a tristeza do jovem Mano, percebemos o quanto essa etapa de nossas vidas definem nosso futuro de forma irremediável. Sem julgamentos, podemos entender, ou tentar entender, o que aconteceu com o rapaz de Realengo, para que tenha chegado ao ponto de tirar o futuro de 12 pobres crianças. Não é um acoitamento, é um questionamento.

Se Mano não tivesse superado as intempéries deste aprendizado, talvez terminaria em um quarto de hospital psiquiátrico, ou tiraria a própria vida, como tentou fazer o irmão, ou pior, tiraria a vida de inocentes. Mas ainda bem, que a maioria do mundo sabe lidar com este cruel período da vida. Além do mais, quem não experimenta as piores coisas da vida, jamais saberá quando as melhores estiverem acontecendo.

As Melhores Coisas do Mundo, 2010. De Laís Bodanzki, com Francisco Miguez, Paulo Vilhena, Denise Fraga, Zé Carlos Machado, Caio Blat e Fiuk.

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