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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Dez grandes filmes que não levaram o Oscar de melhor do Ano

Toda época de premiação é sempre a mesma história. Polêmicas da lista de concorrentes e vencedores. E uma coisa é certa. Nem sempre o filme que mais chamou a atenção do público ou da crítica daquele ano, é o que leva pra casa a famosa Estatueta dourada. Alguns nem chegam a ser indicados. 

Assim selecionamos 10 desses filmes que não venceram na categoria de melhor do ano:


1 – Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941
Apontado por vários críticos de cinema como o maior filme de todos os tempos, entrou na história pelo fato de ser o primeiro filme a utilizar recursos originais em sua produção. O responsável por este feito atendia pelo nome de Orson Welles, o jovem de 25 anos que teve uma ousadia singular para a época. Dirigiu, produziu e protagonizou o filme. O roteiro original se inspirou na história de um poderoso magnata americano. O filme já começa intrigante e prendendo a atenção do público quando se inicia pelo fim, num recurso criativo da montagem alternativa copiada exaustivamente em produções posteriores.


A história era simples para os padrões de hoje, algo que se contrapõe a grandeza de um filme tecnicamente perfeito. Charles Foster Kane (Welles) era apenas menino pobre quando foi adotado por um famoso banqueiro. Rico, torna-se um dos maiores nomes das indústrias de comunicações do país. Engaja-se no meio político e cria um verdadeiro império megalomaníaco. Uma vida de conquistas profissionais que termina com ele, solitário em sua mansão paradisíaca, balbuciando sua última palavra. Rosebud torna-se então, o grande mistério para quem está do lado de fora e de dentro do filme. Indicado a 9 Oscars, só venceu o de Melhor roteiro original, perdendo na categoria de melhor filme para Como era verde o meu vale. 



2 – Cantando na chuva (Singin' in the Rain, 1952
“Dignidade. Dignidade sempre.” A frase proferida pelo protagonista nos primeiros minutos deste clássico musical traduz bem o que significa a arte de se fazer cinema. O filme, ou melhor, o show de coreografias em ritmo alucinantes, traz uma mensagem relevante sobre o inebriante mundo do cinema e suas estrelas egocêntricas. No filme, atores tentam se reinventar com o fim do cinema mudo. Na era das palavras, as expressões faciais dão lugar às vozes e ao verdadeiro talento de representar. Porém, este chamariz não nos prende a um filme carregado que o tema poderia conduzir.



Pelo contrário, é sem dúvida, o musical mais alegre e divertido de todos os tempos. Uma história que mescla romantismo e comédia com uma perfeição antológica. Entre os inesquecíveis passos de dança do protagonista Don Lockwood (sensacional Gene Kelly) e de seu inseparável companheiro, vemos uma talentosa atriz Kathy Selden (Debbie Reynolds) e a mais cômica de todas as vilãs do cinema. Jean Hagen interpreta com maestria Lina Lamont, a estereotipada “loira-burra”, que brilha entre uma piada e outra. Um filme que traduz a alegria do cinema e que dificilmente será esquecido por todos os tempos. Indicado a 2 Oscars de melhor Atriz coadjuvante e trilha sonora, conseguiu mais uma proeza (dessa vez negativa). Não ser indicado na categoria melhor filme! Assim o caminho ficou mais fácil para o vencedor, o filme O maior espetáculo da Terra. 


3 – Laranja mecânica (A Clockwork Orange, 1971
Quem nunca desejou pegar um bandido de alta periculosidade e transformá-lo em um cidadão exemplar? Esta foi a proposta do bombástico filme que o brilhante diretor Stanley Kubrick adaptou para o cinema como um mecanismo perfeito entre ficção- realidade, música-cinema. Classificado como ficção, o filme retrata um grupo de cientistas do Governo que tem a missão de fazer com que um jovem extremamente violento tenha uma segunda chance no convívio com a sociedade vítima de seus atos puramente insanos. Mas também podemos classificá-lo como algo real quando passamos a refletir a respeito de um assunto relevante nos dias de hoje.


A violência exacerbada, quase insuportável do filme chocou muita gente na época. Hoje, esta mesma violência nos mostra a cada dia que não é apenas coisa de cinema, tornando-se onipresente na sociedade atual. Mas não foram somente estes elementos que marcaram a obra-prima de Kubrick. As imagens impressionantes, a música arrebatadora de Beethoven, a moda e a linguagem usada pelos Drugs (o grupo de amigos violentos) ainda exercem uma inexplicável atração no público. Indicado a 4 Oscars, perdeu na categoria melhor filme para Operação França. 

4 – O Exorcista (The Exorcist,1973) 
O maior clássico do cinema de horror teve sua origem em fatos reais. Isto torna o filme de William Peter Blatty algo inesquecivelmente assustador. Nele, uma mãe (Ellen Burstyn) se muda com a filha Regan (Linda Blair) para uma estranha casa a fim de recomeçar. No entanto, neste processo, a vida logo se transforma em prenúncios inquietantes de morte. A relação cambaleante entre mãe e filha é interrompida abruptamente por forças sobrenaturais inexplicáveis quando Regan passa a ser dominada por um espírito das trevas. Para ajudar sua filha, a mãe recorre a médicos e exames antes do apelo desesperado por um poder tão maior quanto a que elas estão confrontando. O arauto da salvação vem na força personificada pelo destemido padre Merrin (Max Von Sydow), o “herói” da família.


Com sequências tão arrepiantes quanto inesquecíveis, o filme se difere dos outros do gênero por inserir uma história dramática pautada em conflitos pessoais metaforicamente maximizadas nas cenas de terror solo da menina Regan, e assim fazendo cinema de primeira grandeza vivenciada por um elenco bem dirigido em atuações ricas e convincentes. O primeiro do gênero a ser indicado a melhor filme, mesmo perdendo para Golpe de Mestre. Indicado a impressionantes 10 Oscars, venceu 2 deles (roteiro adaptado e melhor som). 

5 – A cor púrpura (The color purple, 1985
O livro de Alice Walker, vencedora do Prêmio Pulitzer, serviu como inspiração para o gênio Steven Spielberg desenhar uma história emocionante e puramente dramática sobre a vida da jovem Celie (Woopi Goldberg) que se torna escrava de alguém de sua própria raça. A vida nunca foi fácil pra ela, primeiramente por ter que abdicar precocemente aos sonhos e aspirações de alguém tão inteligente e sensível. Vendida pela mãe a um Senhor cruel, ela tem sua vida transformada num verdadeiro Inferno quando é separada de sua irmã. Depois de anos de mal tratos e humilhações, Celie encontra duas mulheres de personalidade forte (Margaret Avery e Oprah Winfrey, ambas indicadas ao Oscar na categoria atriz coadjuvante) que a ajuda a construir algo seu e recuperar não só sua família, mas como também sua própria vida.


Classificado por muitos críticos como uma “verdadeira novela mexicana”, o filme pode ter perdido força neste sentido, afinal, para muitos, novela e filmes não se misturam, é quase um ultraje! Ainda assim, com atuações poderosas, arrancou 11 indicações ao Oscar, mas saiu de mãos abanando como uma das maiores derrotas da história, perdendo na categoria melhor filme para Entre dois amores. 


6 – Mississipi em chamas (Mississippi Burning, 1988
Dirigido por Alan Parker, a trama gira em torno das investigações de dois agentes do FBI acerca do desaparecimento de dois garotos dos Direitos Civis no Mississipi. A chegada de Anderson (Gene Hackman) e Ward (Willem Dafoe) à pequena cidade, aumenta ainda mais as tensões raciais do local, que fingem aceitar as Leis Federais, mas acabam criando suas próprias Leis de intolerância e racismo, influenciadas pela por membros da organização criminosa chamada Ku Klux Klan. O mais curioso é que estes mesmos membros são em sua maioria, da Polícia local. Em outras palavras, a Polícia é a Lei do lugar e infelizmente a Lei só se dirige aos brancos, deixando os negros marginalizados em todos os quesitos.


É uma boa radiografia histórica dos anos 60 em pleno movimento dos Direitos Civis nos EUA. A questão do racismo é inserida como uma herança cultural dos tempos de escravidão. Segregação que se aprende desde criança, em cartilhas escolares. É um clássico do cinema por mostrar e nos fazer refletir sobre algo que a história tenta esconder, a humanidade tenta avançar, mas infelizmente não consegue. Um filme com um roteiro gradual, bem minucioso e de ótima apreciação com atuações seguras. Indicado a 7 Oscars, venceu apenas na categoria melhor fotografia, perdendo na de melhor filme para Rain Main. Reza a lenda que alguns votantes boicotaram o filme por considera-lo tendencioso demais. 

7 – Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, 1993
Bem-vindo ao Parque dos dinossauros! O letreiro do enorme portão de entrada é um convite certeiro para uma grande aventura. Tão grande que se expressa pelas palavras sarcásticas do professor Malcolm (Jeff Goldblum) quando brinca: “O que eles têm aqui? O King Kong?” Não, não se tratava da presença lendária fera gigante das selvas africanas. O cineasta Steven Spielberg guardava algo mais assombroso e surpreendente. Ao entrarmos pelos portões do Parque dos dinossauros corremos todos os riscos possíveis em uma aventura. Do deslumbramento inicial da visão de nossos “bichinhos” extintos, passamos pela relevante discussão sobre a influência humana nos propósitos da natureza e chegando enfim, a espetaculares momentos de pura adrenalina e terror. O fascínio causado por essas criaturas ultrapassa bilhões de anos e seu retorno às telas do cinema ultrapassou os mesmos bilhões, de dólares, onde por muitos anos foi a maior bilheteria da história. Spielberg não poupou despesas e um trabalho minucioso para a realização deste grande e ousado projeto.


A idealização ingênua de um bilionário excêntrico (Richard Attenborough) o leva a criar numa Ilha particular um parque totalmente diferente de tudo que já se construiu pelo mundo. De imediato, ele contrata os paleontólogos Dr. Grant (Sam Neill) e Dra. Ellen (Laura Dern). Junto deles um cético professor universitário (Goldblum). Quando chegam ao Parque, dá-se início então a uma das mais emocionantes, engenhosas e catastróficas aventuras de todos os tempos. O que se vê daí em diante é uma corrida eletrizante pela sobrevivência. Momentos de ação ininterruptos que deixam os espectadores atônitos em suas poltronas. As emoções variadas que ele proporciona oriundas de um roteiro brilhante, a idealização ousada e os diálogos ferinos e inteligentes. Tudo isso faz de o Parque dos Dinossauros algo tão colossal quanto o próprio King Kong. Indicado a 3 Oscars puramente técnicos, acabou vencendo todos, mas não conseguiu ser indicado na categoria melhor filme, no ano em que a Estatueta foi para A Lista de Schindler. 


8 – O resgate do soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998
Como um filme de guerra, bombas e explosões, pode ser considerada uma obra imperdível e de beleza sem igual? A resposta é uma só: Steven Spielberg. O mago do cinema nos brinda com um filme que leva às lágrimas. Tudo começa com uma sequência espetacular de quase 20 minutos numa representação da famosa batalha na praia de Omaha, no chamado Dia D quando as tropas americanas avançaram na Guerra e segue o Capitão Miller (Tom Hanks) em sua última missão com um grupo de soldados de Elite recrutados com um único objetivo: trazer de volta ao seio de sua mãe americana o destemido soldado Ryan (Matt Damon), depois que este perde seus irmãos em combate. 


Neste trajeto, os perigos eminentes de uma malfadada Guerra se apresentam da forma mais dramática possível. Batalhas sangrentas e mortais servem como pano de fundo de um roteiro bem apurado que poderia ser simples neste contexto. Mas se tratando de Spielberg sempre esperamos por mais, que consiste em adicionar cenas técnicas, estrondosas e cheias de testosterona a algo emocionante, singular, de uma beleza indissolúvel quando mostra homens da guerra antes de heróis condecorados, humanos com seus medos e inquietações diante do desconhecido. Spielberg captura as cenas brutais catapultando momentos singelos como se ouvir Piaf antes da inesquecível batalha na ponte. Indicado a impressionantes 11 Oscars, venceu 5 deles, mas acabou sucumbindo ao pragmatismo de Shakespeare Apaixonado na categoria de melhor filme. 


9 – O segredo de Brokeback Moutain (Brokeback Mountain, 2006
Amores proibidos sempre estiveram à frente das mais fascinantes histórias em Hollywood. E pensando neste poderoso mote, o visionário diretor Ang Lee trouxe para as telas uma surpreendente história entre dois jovens vaqueiros na década de 60. Ennis Del Mar (Heath Leadger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) são contratados para trabalhar no campo em Wyoming. A parceria de trabalho logo dá lugar a uma forte atração que um passa a nutrir pelo outro. Juntos, eles vivem intensas emoções dantes inimagináveis para cada um deles. Contudo, os dias de sonho são tomados pela realidade dos compromissos firmados na vida fora do campo, obrigando-os a sufocar este sentimento. Anos depois, eles passam a recorrer a encontros esporádicos no lugar onde descobriram sua paixão. 


A relutância de Ennis em assumir sua condição se explica pela violência de uma sociedade brutalizada pela ignorância. E é justamente este atenuante que põe fim a este romance inesquecível. A ousadia em fazer um filme com um tema tão polêmico entrou para a história ao superar o preconceito e derrubar os mais indissolúveis tabus. A obra tinha tudo para se tornar um estereótipo de zombaria que diariamente aparece nos programas de humor, se não fosse pela visão inteligente e sensível de um diretor que soube contar de forma genial algo bem maior que um filme de cowboys gays. Seu poder reside em mostrar o lado mítico do amor incondicional e suas razões de ser mesmo diante de tantas adversidades. Aclamado pelo público e pela crítica, foi indicado a 8 Oscars, vencendo 3 deles, mas perdendo para Crash na categoria melhor filme. 

10 - Avatar 2009
Esta impressionante obra de aventura/ficção não foi o pioneiro do CGI (imagens geradas por computador), outras produções de sucesso já haviam utilizados este método para a construção perfeita de suas obras, mas foi no filme do visionário James Cameron que ele se consolidou. As imagens perfeitas captadas impressionaram ao dar vida ao casal de nativos Jack e Neytiri. O primeiro é um soldado com limitações físicas que se vê dentro do ambicioso projeto de uma super-corporação industrial. A outra é uma princesa guerreira do Planeta Pandora. O lugar é uma espécie de paraíso botânico que esconde no subsolo uma fonte mineral de valor incalculável. Depois de vários insucessos em suas tentativas de invadir o lugar à força, o exército humano elabora um plano de invasão mais “diplomático.” O soldado Jack é inserido na tribo dos Na ‘Vi por meio do Programa Avatar. O revolucionário programa consiste em comandar telepaticamente um ser construído como semelhante aos habitantes de Pandora. Uma vez infiltrado, o soldado seria peça fundamental na realização do plano quase perfeito. Quase, porque o que eles não contavam era que seu agente duplo fosse se afeiçoar tanto à sua vida virtual, que se tornaria o principal empecilho de seu elaborado plano. 


O roteiro não é uma novidade, mas mergulhar dentro de uma emocionante aventura é algo muito mais que convidativo. A bordo de impecáveis efeitos especiais, viajamos por um Planeta desconhecido e aprendemos a admirar suas belezas naturais, as fantásticas paisagens bem como a riqueza de valores de sua fauna e flora. Uma junção perfeita de elementos que o fizeram uma das maiores bilheterias da história indicada a 9 Oscars, tendo vencido 3 deles e perdido para Guerra ao terror na categoria melhor filme. 

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