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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Perfil: Leonardo DiCaprio - 40 anos em muitas vidas

"Tenho interesses em filmes socialmente comprometidos. Mas, se a história não for boa, e não emocionar o espectador, não vai interessar"

Filho da alemã Irmelin Idenbirkin e do ítalo-germânico George Di Caprio, Leonardo Wilhelm DiCaprio nasceu num ambiente privilegiado. Sua estrela brilhou pela primeira vez em 11 de Novembro de 1974 em Hollywood, ou seja, já estava fadado ao estrelato. O pai, quadrinista independente, conviveu com grandes nomes da música, dando ritmo à infância do ator. O célebre cartunista underground Robert Grumb e o escritor Charles Bukowski eram presenças constantes na vida do ator, que desde os 5 anos já atuava em comerciais e seriados.

Sua brilhante carreira deu início aos 17 anos no filme de terror Criaturas 3 (1991). O desempenho de Leo em Growing Pains, onde viveu um adolescente sem teto chamou a atenção do diretor Michael Caton-Jones e logo brilhava em O despertar de um homem (1993) ou seria o despertar de um astro? Cerca de 400 garotos fizeram teste para o personagem, mas com o aval do protagonista, um tal de Robert De Niro, Leo ficou com o papel do escritor Tobias Wolf. 

Depois deste “apadrinhamento” concorrer ao Globo de Ouro e ao Oscar no ano seguinte foi fácil. Como o irmão excepcional de Jhonny Deep em Gilbert Grape – aprendiz de sonhador (1994), ele arrancou além das duas indicações para melhor ator coadjuvante, aplausos merecidos do público e da crítica. Começava aí sua perseguição a Estatueta Dourada. 

Nos anos seguintes sua carreira se consolidou com papéis fortemente dramáticos. Em 1995 ele viveu dois destes personagens. O escritor Jim Carrol em Diário de um adolescente e o poeta bissexual francês Arthur Rimbaund em Eclipse de uma paixão. Reencontrou De Niro em As filhas de Marvin (1996) e ganhou o Urso de Prata em Berlim por Romeu e Julieta no mesmo ano. Mesmo diante de tanto reconhecimento conquistado de forma tão precoce, nada se compara ao que aconteceria em 1997 com o megasucesso Titanic.

“Havia muita pressão sobre mim e fui rotulado como um produto. Mas nunca cheguei a me descontrolar.” Esta constatação fez DiCaprio pensar em parar de atuar por um tempo após a chamda leomania, consequência do sucesso do longa de James Cameron. Quanto mais recordes o filme batia, mais aumentava a fama do jovem galã. Em Fevereiro de 2000 quando foi lançar o filme A Praia, o primeiro após Titanic, ele ainda atraía os gritos estéricos das garotas. Na época o ator nunca se imaginou nestas condições na carreira e depois de 10 anos, acredita ter desenvolvido mais ferramentas para o trabalho de interpretar. Titanic foi mesmo um divisor de águas em sua carreira, uma vez que posteriormente chegou a receber um cachê equivalente a de grandes astros como Harrison Ford e Mel Gibson e se colocou na mira de Spielberg, Woddy Allen, Ridley Scott e Martin Scorsese, a quem considera seu mentor. Com ele construiu uma sólida parceria de sucesso, incluindo Gangues de Nova Iorque (2003) e o vencedor do Oscar de 2007, Os Infiltrados.

Dando continuidade à sua brilhante trajetória no cinema, DiCaprio seguiu um estilo interessante de trabalho ao se dedicar inteiramente a projetos de valor dramático e artístico, ao lado de diretores e atores do primeiro time de Hollywood. Com estes títulos, sempre foi lembrado para premiações como o Oscar e o Globo de Ouro. Em 2008 conseguiu a proeza de ser duplamente indicado para o prêmio de Melhor Ator por Os Infiltrados e Diamante de sangue

Mesmo com seu talento já confirmadíssimo entre indicações e premiações, DiCaprio ainda é apontado como o astro mais injustiçado da história da Oscar. Seus últimos trabalhos mereciam um prêmio, especialmente Django livre (2012), estranhamente preterido a Christopher Waltz, numa atuação abaixo no longa de Tarantino. O detalhe é que Waltz acabou ainda assim abocanhando o Oscar. Em O Lobo de Wall Street (2013) mais um show, mas acabou sendo derrotado pela performance também louvável de Matthew McConaughey em Clube de Compras Dallas. O jejum de DiCaprio é algo que já rendeu muitas gifs e piadas na Internet, mas não pelo lado pejorativo e sim, soando mais como um reconhecimento de seu talento e clamor pelas injustiças que segundo alguns críticos e fãs, é notória sim. 

Fora das telas, a imagem de bom vivant desapareceu com o amadurecimento pessoal paralelo ao profissional. Os romances ficaram mais duradouros e em 1998 ele se engajou na defesa do Meio Ambiente criando a Leonardo DiCaprio Fundation e costuma militar ao lado dos Democratas Americanos. Diante de todas estas qualificações, é impossível não rotulá-lo como um dos maiores exemplos de astros que conseguem conciliar uma beleza transcendental com um talento extraordinário de construir personagens tão cativantes quanto sua postura de ídolo de uma geração. Um Astro de 40 anos que transitou com muita segurança por todas as gerações. Um ator que soube dar a todos os seus personagens uma regularidade impressionante. Um gato de todas as faces que sempre representou bem muitas vidas.

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