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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

DE PRIMEIRA CLASSE



X-MEN Primeira Classe supera a trilogia morna e inconsistente dos mutantes de Xavier e dá o

pontapé inicial para uma nova era dos filmes de ação baseados nos quadrinhos


Quando se pensa em fazer um filme sobre Heróis, os envolvidos no processo geralmente não se dão conta do excelente material que se tem em mãos. A fusão entre o humano e o heroico, o embate entre o Bem e o Mal, a formação e cristalização de propósitos de ambos os lados e claro, os imprescindíveis efeitos visuais. Assim, se molda com sucesso um filme deste gênero. Nos últimos tempos, estes quesitos, com exceção do último, foram inseridos de modo superficial nestas produções, obrigando o público a se contentar com um entretenimento voltado a um único propósito: faturar milhões em bilheterias sem se preocupar com a qualidade contextual destas produções. Um dos maiores exemplos disso foi a trilogia X-MEN lançada em 2000. Sob a batuta de Bryan Singer, as três sequências tinham como base o universo dos mutantes da Marvel em suas conhecidas e aclamadas caracterizações. Contudo, um roteiro vago e impreciso, minimizou as chances de se fazer uma bela homenagem a estes amados heróis. E este é o diferencial entre a primeira trilogia e o que se vê em X-MEN – Primeira Classe. O filme de Mathew Vaughn nem de longe lembra a bagunça dos filmes de Singer com seu inchaço desnecessário de mutantes numa história sem um padrão definido e uma linha de raciocínio a se seguir.

Vaughn entra na contramão de Singer ao recomeçar a história com um roteiro consistente, personagens centrais bem homogeneizados aqui representados por três modelos indispensáveis para a série. A Guerra novamente serve como pano de fundo para a inserção de valores como a intolerância e auto aceitação, os carros-chefes do enredo mutante. O início se dá com o pequeno Erik Lensher (Bill Milner) num campo de concentração durante a Segunda Guerra. Ao usar seus poderes, ele chama atenção de Sebastian Shaw (Kevin Bacon), um importante oficial nazista, que deseja recrutar mutantes para lutar contra a ameaça humana num futuro próximo. Assim sendo, o menino que futuramente seria conhecido como Magneto, se transformaria em uma poderosa arma para este propósito. Contudo, a morte brutal de sua mãe, redireciona as prioridades de Erik (Michael Fassbender), já adulto, passando a caçar o algoz de sua família. Sua jornada em busca de vingança termina quando ele consegue seu objetivo. Matar o oficial, que também mostra ter poderes mutantes. Este episódio marcaria para sempre seus ideais na Guerra entre humanos e mutantes. Ideais que seriam o ponto de discórdia entre ele e seu melhor amigo o Professor Charles Xavier (James McAvoy).

O filme parece caminhar tranquilamente para contar como Erik Lensher transformou-se no poderoso Magneto, como em X-Men origens: Wolverine (2009), mas em Primeira Classe isso não ocorre dada a importância primordial no filme de seu amigo telepata e de uma das mais instigantes mutantes, em toda sua acepção da palavra, a sensual Mística (Jennifer Lawrence). Juntos, formam o fio condutor da história, com interpretações seguras dentro de um contexto coerente e linear. Assim somos apresentados a cada um de modo particular com suas inquietações tipicamente humanas e ideais formulados durante o filme. Vimos como a amizade entre os dois mutantes se disseminou com o conflito latente em relação à Guerra. E o que levou a jovem Haven a optar pela militância ao lado do mutante com poderes magnéticos. Tópicos que ficaram obscuros em todas as outras sequencias da série.

X-Men Primeira Classe apaga todos os equívocos da primeira trilogia e reescreve a história ao elevar o filme a algo visto em Batman - o cavaleiro das trevas (2008). Cinema de primeira linha, mesmo que o objetivo seja apenas entreter. Quando estes objetivos ultrapassam nossas expectativas, torna-se uma agradável surpresa. E como é prazeroso assistir a um ótimo entretenimento quando se tem plena consciência ao o que se está assistindo! Que daqui pra frente os profissionais envolvidos neste processo tenham consciência de que não basta apenas vestir o Herói com uniforme e máscara. É preciso ter inteligência e criatividade para criar e conduzir outros filmes como o de Vaughn. Para que haja outras produções de primeira classe.

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