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domingo, 15 de setembro de 2013

Mestres da fotografia no Cinema

Muita gente vai aos cinemas, come pipoca, ri, chora, se diverte e se emociona com as mais variadas histórias dos mais variados gêneros. Mas, poucos sabem que para atingir uma qualidade significante, estes profissionais tem de dar um duro danado. A responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de um longa está diretamente ligado à competência com que manipulam as emoções através de cores, brilhos, contrastes e por aí vai. O Cineposforrest decidiu homenagear esta classe importantíssima listando, mesmo faltando espaço para nomes como Nestor Almendros, Emmanuel Lubezki, Sol Polito, Gregg Toland,  alguns dos mais extraordinários diretores de fotografia da história do cinema.

George Barnes (1892-1953)

Um dos primeiros grandes nomes da cinematografia de Hollywood, Barnes trabalhou em praticamente todos os grandes estúdios da época de ouro hollywoodiana. Nos primeiros anos de sua carreira de diretor de fotografia revolucionou ao utilizar cortina e superfícies flexíveis para criar padrões diferenciados de iluminação. Porém, seu trabalho que causou mais impacto foi em Rebbeca, A Mulher Inesquecível (40), com a inquietante atmosfera de mau agouro que conseguiu transmitir. Sempre foi bem cotado em diretores e produtores, apesar de nem sempre conseguir corresponder a caprichos de egos inflados de grandes produtores.

Oscar: 8 indicações; Venceu por Rebbeca, A Mulher Inesquecível (41).
ASC* Não havia premiação.
BAFTA: Não havia premiação.

George J. Folsey (1898-1988)

Um dos pioneiros do cinema americano, Folsey começde dou sua escalada de sucesso como office boy em grandes estúdios em Nova Iorque. Quando, aos 21 anos, passou a trabalhar em pós-produção para H. Lyman Broening, e logo já passou a diretor de fotografia. Na década de 20, passou a utilizar mais fluidez de câmera e iluminação sutil, o que o garantiu a simpatia das grandes estrelas, pois exaltava a beleza mais do que tudo. Quando passou a colaborar com o gigante Vincente Minelli, criou maravilhosos espetáculos em Technocolor, como no musical Agora Seremos Felizes (44). Recebeu 13 indicações ao Oscar, e não venceu nenhum. Grande injustiça.

Oscar: 13 indicações; Nenhuma vitória.
ASC*: Conjunto da obra em 1988.
BAFTA: Não havia premiação.



Leon Shamroy (1901-1974)

Além de carregar o título de "homem que descobriu Marilyn Monroe", Shamroy foi um verdadeiro monumento do cinema. Estudou Engenharia na Universidade de Columbia e entrou para o laboratório da Fox em 1920. Seu primeiro trabalho como diretor de fotografia foi em um documentário do mitológico Robert Flaherty em 1927. Em 1939, assinou contrato com a 20th Century Fox, onde se tornou um dos grandes chefões. Foi o primeiro a fazer testes com technocolor em 1947, além disso, se tornou um especialista no assunto. Gênio da iluminação, conseguia empregar atmosferas específicas com o uso de filtros coloridos. Mesmo considerado mau-humorado, foi cultuado e admirado por todos que tiveram a oportunidade de trabalhar com ele. Tem uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood.

Oscar: 18 indicações; Venceu por O Cisne Negro (44); Wilson (45); Amar foi Minha Ruína (46); Cleópatra (63); 
ASC*: Não havia premiação.
BAFTA: Não havia premiação.

Robert Surtees (1906-1978)


Foi um grande mestre em retratar paisagens extraordinárias de épicos maravilhosos, como o Ben-Hur de 1959. Antes de se tornar renomado no mundo cinematográfico foi assistente de Gregg Toland em Hollywood. Mudou-se para Alemanha onde ficou por vários anos até retornar para ganhar notoriedade. Seu primeiro trabalho foi Esta Preciosa Liberdade (42). De lá até 1978 foram mais de 70 filmes, dos mais variados gêneros. Versátil, hábil e com visão única em captar a personalidade dos personagens em meio a aventuras e cenários extensos. 

Oscar: 16 indicações; Venceu por As Minas do Rei Salomão (51); The Bad and The Beautiful (530; Ben-Hur (60).

Charles Lang (1902-1998)

Um dos nomes mais badalados da "Era de Ouro" de Hollywood, Lang passou a maior parte de sua carreira na Paramount (1929-1952), onde ajudou a criar a reputação de alta qualidade visual do estúdio. Ganhou notoriedade pelo uso inteligente do claro-escuro, luz-sombra e tinha um talento formidável para para criar uma atmosfera para cada gênero e estilo, como o sombrio Amor Sem Fim (35), o glamouroso Desejo (36) e o requintado Meia-Noite (39). Também se destacou nos trabalhos no gênero noir, além de conseguir seus melhores trabalhos em parcerias com Billy Wilder e Fritz Lang. Era conhecido por andar sempre bem vestido, além de ser um perfeccionista, contudo, modesto. Assim como Leon Shamroy recebeu 18 indicações ao Oscar, mas venceu apenas um.

Oscar: 18 indicações; Venceu por Adeus Como Armas (1932).
ASC*: Prêmio honorário em 1991.
BAFTA: Não existia o prêmio.



Conrad Hall (1926-2003)

Nascido no Tahiti, Hall estudou cinema na Universidade do Sul da Califórnia. Ele e mais dois colegas criaram uma empresa que fazia filmes e comercias para TV. Porém, seu primeiro trabalho no cinema veio em 1965. Começou a desenvolver  seu trabalho onde aprendeu a desenvolver composições ricas e complexas. Foi em Sangue Frio (67) que começou a notoriedade e convites para trabalhors maiores, que veio dois anos depois com Butch Cassidy. Com seu talento, conseguiu superar as inovações técnicas das décadas de 90 e 2000, nas quais conseguiu desenvolver um trabalho de vanguarda, ao mesmo tempo que modernizava seus métodos. Em 2003, recebeu o Oscar póstumo pelo seu excelente trabalho em Estrada Para a Perdição (2003).

Oscar: 10 indicações; Venceu por Butch Cassidy (70); Beleza Americana (2000); Estrada para a Perdição (2003).
ASC*: 5 indicações; Venceu por Conspiração Tequila (89); Lances Inocentes (94); Prêmio Honorário (94); Beleza Americana (2000); Estrada para a Perdição (2003).
BAFTA: 3 indicaçõe; Venceu por Butch Cassidy (71); Beleza Americana (2000); Estrada para a Perdição (2003).

Haskell Wexler (1926- )

Considerado um dos 10 maiores diretores de fotografia da história do cinema, Wexler antes de começar a carreira como assistente de câmera, já havia produzido vários filmes industriais junto com seu pai. Seu primeiro filme no cinema foi America, America (63), de Elia Kazan. Foi um dos primeiros a utilizar a steadicam com êxito no filme Esta Terra é Minha (76), tanto que venceu seu primeiro Oscar. Além de todo o talento que lhe era inerente, Wexler mostrou generosidade quando praticamente fez todo o trabalho par Néstor Almendros em Cinzas do Paraíso (78), mas creditou a obra ao amigo que estava com problemas na visão e conquistou o Oscar. Em 2004 foi tema de um documentário feito por seu filho.

Oscar: 5 indicações; Venceu por Quem Tem Medo de Virgínia Wolf? (67); Esta Terra é Minha (77).
ASC*: 2 indicações; Venceu Prêmio Honorário (93).
BAFTA: 1 indicação.

Sven Nykvist (1922-2006)


Um dos mais aclamados e revolucionários nomes do cinema europeu, foi um companheiro fiel do mestre Ingmar Bergman por mais de 20 anos. Desde o trabalho modesto em Noites de Circo (54) até a composição extraordinária que lhe rendeu um Oscar em 83 por Fanny e Alexander, Nykvist revolucionou a forma de transmissão das emoções dos filmes de Bergman. Seu estilo era mais naturalista e sutil, ao contrário do antigo colaborador do diretor, Gunnar Fischer, que preferia a cotraposição do preto e branco. Seu ápice é o "ensaio" do branco e do vermelho em Gritos e Sussurros, simplesmente uma das melhores do cinema.

Oscar: 3 indicações; Venceu por Gritos e Sussurros (74); Fanny e Alexander (84).
ASC*: 1 indicação
BAFTA: 2 indicações; Venceu por Fanny e Alexander (84).

Vilmos Zsigmond (1930- )

Vindo do leste europeu, Zsigmond junto com seu amigo László Kovács, fizeram a cobertura fotográfica da revolução húngara de 1956, pouco depois fugiram para os Estados Unidos onde venderam as imagens para o canal de TV CBS. Ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais por comerciais de TV, mas só conseguiu notoriedade no cinema quando foi contratado por Robert Altman para colaborar no filme McCabe & Mrs. Miller (71). Conhecido por fazer um trabalho esplêndido com a luz natural e o uso de cores intensas no ponto certo, chegou ao ápice de seu trabalho com Contatos Imediatos de Terceiro Grau (77), que lhe rendeu seu único e merecido Oscar. 

Oscar: 4 indicações; Venceu por Contatos Imediatos de Terceiro Grau (78).
ASC*: 3 indicações; Venceu por Stalin (92, para TV); Prêmio Honorário (1999).
BAFTA: 5 indicações; Venceu por O Franco-Atirador (80).



Vittorio Storaro (1940- )

Um dos nomes mais influentes da cinematografia mundial, Storaro já foi notável ainda na universidade, quando em seus filmes acadêmicos utilizava as técnicas de luz do pintor italiano Caravaggio. Ele afirma que fazer fotografia no cinema era o mesmo que "escrever com a luz". Iniciou seus trabalhos no cinema em O Conformista (70), e de lá para cá fez trabalhos fenomenais e de gêneros variados como o soturno Apocalipse Now (79), o monumental O Último Imperador (87) e o policial Dick Tracy (90). Hoje dedica-se mais a trabalhos na TV do que no cinema, mas seus ensinamentos ainda influenciam os iniciantes.

Oscar: 4 indicações; Venceu por Apocalipse Now (80); Reds (82); O Último Imperador (88).
ASC*: 3 indicações
BAFTA: 4 indicações; Venceu por O Céu que Nos Protege (91).

Robert Richardson (1955- )

Um dos maiores nomes da cinematografia atual, Richardson ganhou notoriedade em sua colaborações com o diretor Oliver Stone. E com o diretor também teve sua estreia no longa Salvador (86), e logo em seu segundo trabalho, Platoon (86) também com Stone, veio sua primeira indicação ao Oscar. Consegue trabalhar com tons suaves ao meio ao caos e também valoriza o personagem. Mesmo tradicionalista, se reinventou ao trabalhar com  paletas quentes da cultura pop de Tarantino em Django Livre (2012), e o 3D poético de Martin Scorcesse em A Invenção de Hugo Cabret (2011), trabalho que lhe rendeu o Oscar. Um verdadeiro gênio que ainda tem muito a nos ensinar.

Oscar: 8 indicações; Venceu por JFK - A Pergunta que Não Quer Calar (92); O Aviador (2005); A Invenção de Hugo Cabret (2012).
ASC*: 10 indicações; Nenhuma vitória.
BAFTA: 4 indicações; Nenhuma vitória.

Roger Deakins (1949- )

Um dos grandes nomes da cinematografia atual, Deankis iniciou seus trabalhos no cinema em 1990 no longa Montanhas da Lua. No ano seguinte iniciou sua longa parceria com os Irmãos Coen em Barton Fink (91). Quando recebeu o prêmio da Sociedade Americana de Diretores de Fotografia com Um Sonho de Liberdade (94), foi alçado ao patamar de grande profissional da área. Com sua grande capacidade de fotografar variados gêneros é requisitado para inúmeros trabalhos, recebendo ao todo 10 indicações ao Oscar, sem, infelizmente, vencer nenhum.

Oscar: 10 indicações, nenhuma vitória.
ASC*: 11 indicações; Venceu por Um Sonho de Liberdade (95); O Homem que Não Estava Lá (2002); Skyfaal (2013).
BAFTA: 6 indicações; Venceu por O Homem que Não Estava Lá (2002); Onde os Fracos Não Têm Vez (2008); Bravura Indômita (2011).

Janusz Kaminski (1959- )

Um verdadeiro mestre em fotografia conseguido depois de se formar no Columbia College Chicago bacharel em fotografia, e concluir mestrado no American film Institut. Deve a Steven Spielberg sua oportunidade de desenvolver seu trabalho, já que desde A Lista de Schindler (93) é o colaborador oficila do diretor. Consegue fazer sempre belíssimos trabalhos devido a forma como utiliza a luz em meio a névoa, direcionando as emoções para os destaque do enquadramento. Provou ser brilhante tanto em blockbusters iluminados quanto em dramas intensos, e até preto e branco, no caso de Schindler. Se depender de Spielberg veremos muitas belas obras de Kaminski nas telonas.

Oscar: 6 indicações; Venceu por A Lista de Schindler (94); O Resgate do Soldado Ryan (99).
ASC*: 5 indicações; Nenhuma vitória.
BAFTA: 4 indicações; Venceu por A Lista de Schindler (94).

2 comentários:

  1. Uma bela homenagem já que a maioria sempre tece elogios ao diretor, quem fica com o cargo de fotografia nem é lembrado, mesmo elas sendo maravilhosas. O meu preferido dessa lista é o Sven Nykvist.
    Adorei o blog tem postagens curiosas e bem interessantes!

    http://pitadadecinema.blogspot.com.br/

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