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sábado, 31 de julho de 2010

ENTRE O CÉU E A TERRA, O OLHAR DO PARAÍSO

Por FLÁVIA C. SILVA


Se para cada ação há uma reação, então é comum esperarmos que para cada crime
haja uma punição,certo?Mas e quando as linhas da lei de Newton não interagem
com as leis humanas?O que nós, criaturas primitivamente imperfeitas podemos fa-
zer diante desta dura realidade?
É comum para todos nós sentirmos uma dor dilacerante na alma quando perdemos alguém que amamos de forma brutal.Junto com esta dor surgem dúvidas e questões preponderantes que só acabam com uma busca incessante por justiça.Isso faz parte
da vida. No entanto num país onde as leis parecem existir apenas para uma parte marginalizada da população,esta busca desesperada fica atenuada pelo desejo de vingança.Fazer justiça com nossas próprias mãos.Criamos nosso próprio sistema judicial que parece ter saído de um daqueles filmes de Clint Eastwood e seus inimi-táveis faroestes.Lançamos mãos sobre armas legais ou não,pensando que através
delas encontraremos as soluções de nossos problemas.Uma decisão que tomamos inflamados pela dor da perda e da desesperança quanto aplicação da justiça.A im-pulsividade na maioria das vezes nos deixa a mercê de conse-qüências nocivas a
nós mesmos.Foi esta busca incessante por justiça que matou a estilista Zuzu Angel
num acidente pouco explicado na década de 70.Ela lutava contra um sistema que vi-gora até hoje, procurando desesperadamente por informações a respeito do paradeiro
de seu filho,um ativista político como tantos outros que ainda permanecem desapa-recidos sem que as famílias sequer tenham o direito de velar por eles. A dor destas famílias que permanecem fiéis a esta busca se retrata todos os dias em cada um que
vive um drama parecido com o da família Salmom. Até onde podemos suportar a fal-
ta de respeito com esta dor?Até onde podemos suportar o descaso das autoridades com
tantos casos arquivados por falta de um sistema judicial equilibrado?Até onde podemos suportar a possibilidade de esbarrar numa calçada, shopping ou numa igreja com crimi-nosos de alta periculosidade que “já pagaram sua dívida com a justiça”?Diante de tantas inquietações torna-se impossível não lançarmos mão sobre um bastão de Beisebol e corrermos na escuridão atrás de nossos algozes.Fazer com que sintam o mesmo que nós,esperando que a dor dilacerante finalmente desapareça.É a fa-mosa lei do olho por olho,dente por dente.Aquele que nunca pensou nesta possibili-dade que atire sua pri-meira pedra. Ou então, que espere pela justiça, aquela que tarda, mas não falha. E se ela falhar, deixemos a cargo do tempo ou do destino.
Seja como for, o importante é não deixar que a razão sucumba perante nossos instintos, pois tanto as leis humanas quanto as leis de Newton costumam ser impiedosas com aqueles que confundem os conceitos da celestial justiça com o da terrena vingança. É a ação e reação agindo a favor de quem entende estas leis. E para isso nem é preciso ser um gênio da Física.

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