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sábado, 28 de novembro de 2009

Forrest Gump: o marco do cinema contemporâneo

Parte ll : da técnica primorosa


Quando se fala em filmes tecnicamente perfeitos, nos vem à cabeça O Senhor dos anéis (2001), A Lista de Schindler (1993), O Resgate do soldado Ryan (1998), por exemplo, e sem dúvidas correspondem à citação. Porém o que pouca gente sabe é que Forrest Gump – o contador de histórias, foi concebido com diversos e primorosos recursos técnicos, que eram de suma importância para o desenvolvimento do enredo, já que Forrest teria de ser inserido em alguns acontecimentos históricos.
Assim como fez em Uma cilada para Roger Rabbit (1989), no qual o diretor “brincou” com os recursos visuais ao colocar em mesmo plano, animações e seres humanos, Zemeckis transporta Forrest para dentro de acontecimentos reais. Para tal feito usou filmagens originais, onde conseguiu colocar o simpático idiota no escândalo de Watergate, cumprimentando Richard Nixon, e em um talk show dividindo as atenções com John Lenon.
A fotografia é impecável, pois deixou as cenas em excelente sintonia com o texto, ficando mais dramáticas e menos melancólicas, e não deixando que a sensibilidade e ternura das personagens caíssem no piegas. A direção de arte exigiu um intenso estudo, pois o filme se desenrola em três décadas, mas para os diretores de arte Leslie McDonald e William James Teegarden isso parece não ter sido um bicho de sete cabeças, pois com lucidez construiu todos os ambientes que exigiu o roteiro e sem deixar furos. Nos leva ao Vietnã tropical e chuvoso em clima de guerra (podendo destacar também a ótimo trabalho dos editores e mixadores de som, nas cenas de batalha), passando pela época “Paz e Amor” dos hippies com sua moda espalhafatosa (figurino, maravilhoso), chegando ainda ao ambiente litorâneo dos pescadores de camarão. Quando chegamos ao tempo atual (do filme, anos 80) temos a certeza de ter vivido em todas aquelas gerações e acompanhado todos aqueles acontecimentos. Um detalhe brilhante se dá na cena em que Jennie toca violão em uma esquina, onde percebemos (ou os cinéfilos de plantão percebem) que no cinema ao fundo, bem atrás dos figurantes, há um cartaz do filme O bebê de Rosemary (1963), o que nos situa no tempo de uma forma genial e subjetiva.
Porém, mesmo carregado desses recursos técnicos, eles não nos berram aos olhos com monstros, explosões ou ambientes futuristas. Nos são passados de forma sutil, fazendo tais recursos passarem quase imperceptíveis ao público.

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