Into the darkness: Star Trek, 2013. Dirigido por J. J. Abrams. Com Chris Pine, Zachary Quinto, Benedict Cumberbatch, Anton Yelchin, John Cho, Zoe Saldana e Simon Pegg.
Nota: 8,2
Quando J. J. Abrams resolveu
trazer de volta um dos mais cultuados universos ficcionais da TV e do cinema,
Star Trek, não só os nerds e fãs fervorosos da série ficaram excitados. Quem
conhece o potencial de Abrams para o espetáculo audiovisual começou a fantasiar
qual seria o seu limite com todas as possibilidades tecnológicas que teria à
disposição. E não ficaram decepcionados. Em 2009, Star Trek levou milhões às
salas de cinema, teve boa recepção entre os críticos e faturou o Oscar de
melhor maquiagem (o primeiro da história da franquia). Quatro anos depois, o
diretor volta à Enterprise com o desafio de injetar mais ação na trama, sem
perder qualidade narrativa e a ligação com suas raízes.
Nesta nova aventura, Kirk (Chris
Pine), Spock (Zachary Quinto, ótimo) e Cia., evitam que um planeta seja extinto
por uma grande erupção. Porém, isto vai
contra as regras do alto comando da frota estelar, o que ocasiona a punição de
Kirk e Spock. Entretanto, quando um terrorista, que se apresenta como John
Harrison (Benedict Cumberbatch, excelente), elimina quase todo estado-maior da
frota, caberá a aos dois reassumirem a Enterprise e partir atrás do inimigo.
Mal sabia eles que além de descobrir a verdadeira identidade do vilão e quem
realmente está por trás de tudo, também terão um encontro com seus mitológicos
inimigos: os Klingons.
Novamente, o trio de roteiristas
liderados por Roberto Orci conseguiu surpreender até os mais ortodoxos fãs da obra
original, escrita por Gene Roddenberry. Além de deixar os diálogos mais
contemporâneos, o que facilita a aproximação com o público da era da internet,
mantém laços estreitos com as aventuras anteriores, principalmente a original
da década de 60. A
forma como inseriu um supervilão quase invencível, e buscou na conexão direta
com a série clássica, o Spock do futuro inserido no filme de 2009, a resolução para o
caso ganha, os velhos e conquista novos fãs.
Abrams, ao contrário do que se
imaginava, não se deixa se levar pelas “maravilhas” tecnológicas (tanto que nem
estava programado para sair em 3D) e capricha na arte dos cenários, figurinos e
maquiagem, e quando exige-se os efeitos visuais, o faz com parcimônia. É clara
sua intenção de fazer muito mais que um espetáculo de cores ou uma singela
homenagem, tanto que aponta a câmera para o fator ser humano. Tanto na relação
de amizade ainda mais forte entre Kirk e Spock, quanto nas artimanhas de
Harrison para desestabilizar a tripulação.
Mesmo que o filme perca um pouco
do equilíbrio na parte final, ficando previsível, isto acaba não incomodando
pelo talento de dois atores: Quinto e Cumberbatch. O primeiro assumiu o
personagem reconhecidamente mais amado da franquia, e com seu rosto peculiar
conseguiu deixar os fãs satisfeitos, e os críticos, com a certeza de que não
deve nada à Leonard Nimoy, o Spock da série clássica. Já Cumberbatch, que se
destaca na TV como o Sherlock da série homônima, prova que o grande ator do
momento e transmite a obscuridade de seu Harrison, mantendo uma dualidade que
não permite aos espectadores odiá-lo. Simplesmente genial.
Se J. J. Abrams foi capaz de
fazer um bom filme de um universo do qual diz ser indiferente, imagina o que
poderá fazer com seu amado Star Wars, na próxima trilogia que está em pré-produção.
Mesmo com a dificuldade de não se render à pirotecnia e agradar à legião de
seguidores da obra de Roddenbury, se saiu bem e deixou todos com água na boca
para o terceiro filme. Ou alguém acha que podem mexer com Klingons assim e ir
embora sem esperar uma retaliação. É só esperar para ver.
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