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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Crepúsculo dos Deuses (1950)


Sunset Boulevard, 1950. Dirigido por Billy Wilder. Com Gloria Swanson, Willian Holden, Erich von Strohein, Nancy Olson, Fred Clark, Jack Webb, Cecil B. DeMille, Bustre Keaton, Anna Q. Nilsson, H. B. Warner e Hedda Hooper.

Nota: 9.5
Billy Wilder é reconhecidamente um dos maiores diretores que se tem notícia e prova isso a cada vez que assistimos a algum de seus filmes. Seja em comédias, como a melhor de todas e quase unanimidade entre os críticos, Quanto mais quente melhor (1958), ou em dramas claustrofóbicos como Farrapo humano (1945), ele sempre conduz com uma habilidade incrível para convencer o público de tudo o que estão vendo é de verdade, mesmo quando não é. Em Crepúsculo dos Deuses (1950) o diretor constrói o mais sombrio de seus filmes ao discutir os vieses do sucesso no meio hollywoodiano.
A trama é contada sob a narração de Joe Gills (William Holden), que começa o longa morto e reconta sua trajetória até o fatídico momento. Ele é um roteirista que não consegue emplacar um bom roteiro e vive fugindo de seus credores. Em uma de suas fugas, acaba cruzando o caminho de Norma Desmond (Gloria Swanson, extraordinária), uma estrela do cinema mudo, que está no esquecimento, mas mantém seu superego e sua obsessão pela juventude intacta, acreditando que ainda retornará às telonas. Mas como já explana o início do filme, essa relação não terminará muito bem.
O roteiro escrito por Wilder com seu mais fiel colaborador, Charles Brackett, se enverada no estudo do comportamento de quem vive no ilusório mundo glamourizado da Hollywood da primeira metade do século passado. Enaltece os contrapontos desta necessidade de chegar ao estrelato e também o desejo de nunca sair dele. A metalinguagem impera de forma conveniente, com referências a atores, diretores e outros poderosos da época. Wilder pontua a situação de Norma na participação de monstros sagrados do cinema contemporâneo a ela como Buster Keaton, H. B. Warner e Anna Q. Nilsson, todos mostrados de forma com que fica claro sua condição de peças do imaginário de cinéfilos. O célebre Cecil B. DeMille aparece apenas para que a ex-musa seja ainda mais digna de pena. Pura maldade.
A loucura progressiva de Norma e o desespero claustrofóbico de Joe são cruelmente destrinchados de forma cínica, onde a monstruosa mansão da Sunset Boulevard (talvez inspirada em Xanadu de Cidadão Kane) capitaliza os transtorno e anseios de ambos e os transforma em presas de um predador voraz. Nem mesmo as relações periféricas de ambos (Norma com sua possível volta à evidência e Joe com seu roteiro inacabado) são capazes de impedir que o limite entre os dois fosse atingido.
O mordomo Max (Erich von Stroheim), que também é ex-marido de Norma, tenta a todo custo manter a ilusão de sua amada, assim  Betty Schaefer (Nancy Olson), que está terminando um roteiro com Joe e estreita laços românticos, tenta salvá-lo para começar uma nova vida. Porém o filme é pessimista e tudo é mesmo dedicado ao declínio.
Um monumento cinematográfico, desde sua cena inicial, fora dos padrões da época, passando por atuações competentes de Holden, von Strohein e Olsson, além da atuação retumbante de Swanson (uma das melhores de todos tempos), que parece estar no limite o tempo todo. E se encerra na inesquecível cena final, com a atriz literalmente saindo do foco. Se o que Norma disse: “Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos”, não era uma verdade, a sentença pode servir para Wilder, pois a arte cinematográfica parece mesmo ter diminuído com sua ausência.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ed Wood (1994)

Ed Wood, 1994. Dirigido por Tim Burton. Com Johnny Deep, Martin Landau, Sarah Jessica Parker e Juliet Landau.

Nota: 9.5

Se Crepúsculo dos Deuses teve uma abordagem mais densa e cruel sobre o alvorecer da última chama dos grandes estrelas, Ed Wood percorre um caminho contrário, abordando o tema com a mesma inteligência, porém com muito, mas muito humor (negro) 

O cinema não é feito de detalhes. Porque se de certo fosse, talvez Ed Wood (Johnny Deep) não teria entrado para a história do mesmo. Tido como o pior diretor de todos os tempos, conduzia sua carreira munido de uma arma apenas. A paixão. Esta mesma que cega e que nos leva a fazer loucuras. Aliás, louco pode ser uma das definições deste jovem idealizador de carisma hipnotizante que arrastava os da mesma estirpe para suas produções. Isto incluía um homossexual que sonhava se tornar mulher (Bill Murray), um lutador descerebrado de luta livre (George Steele), um falso vidente (Jeffrey Jones), uma apresentadora de TV excêntrica de codinome Vampira (Lisa Marie), e meia dúzia de produtores bizarros. Todos eles membros de uma equipe que quase sempre tentava burlar o sistema de produções hollywoodiano para realizar seus incríveis filmes.

Incrível pode ser um superlativo para obras de qualidade incontestável, sendo assim, usar as palavras Ed Wood e este adjetivo na mesma frase parece improvável. Mas não é. Nesta obra de Tim Burton ele ganha um significado especial     quando ao terminarmos de assisti-lo descobrir que se trata de uma história real. Incrivelmente real.

Depois de não conseguir emplacar com seu primeiro trabalho, Wood tem um encontro que muda os rumos de sua vida. Numa loja de caixões, ele avista seu maior ídolo cinematográfico e decide lhe fazer uma proposta. O já mastigado e jogado fora pelos poderosos de Hollywood, Bela Lugosi (Martin Landau) se mostra cético ao sucesso da parceria. Contudo, sua convivência com o fanático Wood lhe mostra um novo alvorecer, e então, o eterno Drácula parte para a derradeira aventura de sua vida. E o diretor para uma rendosa fonte de filmes que acredita irá lhe trazer o reconhecimento.

Juntos, eles promovem uma revolução (pra pior) nos estúdios. A falta de patrocínio faz com que Wood delire em sua versão Orson Welles, saindo de sua mente produções patética de textos infantis, efeitos visuais risíveis e um alto predomínio de terror na instabilidade física e emocional por parte do astro decadente. Ambos têm uma deliciosa química em seus devaneios em que o cinema pode ser feito com paixão e sérias restrições orçamentárias. Ambos acreditam piamente que há ali um esboço de talento e glória. Assim, unem o útil ao agradável. Para um, a simples presença do grande ídolo como o chamariz para o êxito em negociações com os cruéis patrocinadores. Para outro, a oportunidade de fazer o que sabe de melhor. União que se prorrogou mesmo depois da morte do eterno astro da Universal, uma vez que o “visionário” Wood consegue desesperadamente contratar um sósia do ator para seu último filme.

No fim, Wood e sua turma conseguem extrair de tudo isso o horrível Plano 9 do Espaço Sideral, um filme rodado com as características latentes do diretor. Orçamento limitado, estúdios de papelão, atores monossilábicos e efeitos paupérrimos. Uma obra de qualidade discutível, que nada condiz com o que foi sua cinebiografia dirigida por Burton. O diretor tão excêntrico quanto seu protagonista, lapida com perfeição sua melhor obra. Ouso dizer, que é sem dúvida alguma, sua maior obra-prima. Rodada em preto-e-branco para dar um terrível ar de filme B à produção, Burton expõe com uma veracidade absoluta toda a crueldade hollywoodiana onipresente na decadência artística de atores. A seriedade do tema se esvai em um roteiro hilário, diálogos de humor ácido, cenas divertidas e coadjuvantes carismáticas.

Johnny Deep inicia com perfeição sua parceira com o famoso diretor puxando a fila de um elenco estelar. Bill Murray, Sarah Jessica Parker e Patrícia Arquette dividem a cena com a interpretação mediúnica de Martin Landau como o hipnotizante Conde das Trevas. Ele é o carro-chefe de sucesso do filme. Assombroso em todas, absolutamente todas, passagens de seu personagem mítico. Seja lhe conferindo um ar de comédia involuntária nas raras tensões dramáticas e também nos trejeitos divertidos do velho astro, o veterano sobra em cena. Ainda tem a oportunidade e felicidade em contracenar com sua filha, a bela Juliet Landau (a vampira Drussila de Buffy e Angel) como uma sonhadora aspirante a atriz que chega a cidade sem nenhum tostão no bolso.

Se o cinema é feito de detalhes, ainda bem que temos um diretor como Burton, sempre atento a todas as exigências desta belíssima produção que nos remete a uma homenagem às estrelas e seus filmes de terror da década de 30. No tempo em que a indústria não se preocupava tanto com insetos gigantes, alienígenas cibernéticos ou mutilações sem sentido por caras mudos usando uma máscara. No tempo em que sangue e terror pintavam o set de forma mitológica, poética, sedutora bem como o personagem secular criado por Bram Stocker.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Atividade paranormal 4 (2012)


Paranormal activit 4. Dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman. Com Katryn Newton, Matt Shively, Aiden Lovekamp, Brady Allen e Katie Featherson.

Nota: 6.1

Tudo o que é considerado novidade no cenário cinematográfico hollywoodiano e consegue fazer um sucesso considerável nas bilheterias, acaba por desencadear um onda de “continuações” para pegar o vácuo do oásis financeiro do original. O bom Atividade Paranormal, idealizado pelo o então cineasta estreante Oren Peli em 2007, mesclou o estilo aclamado da “câmera na mão” utilizado em A Bruxa de Blair (1999), com artífices da cibercultura, o que fez de sua obra um estrondoso sucesso. Cinco anos e mais três filmes na conta (um japonês) depois, o quarto filme da saga chega para tentar explicar os motivos das tais atividades, entretanto, sem apresentar algo diferente e muito menos assustar.
Neste novo longa a adolescente Alex (Katryn Newton) grava o cotidiano de sua família, ao lado de seus pais, do pequeno Wyatt (Aiden Lovekamp) e de seu namorado Ben (Matt Shively). Mas quando o estranho menino Robbie (Brady Allen), recém-chegado à vizinhança, precisa ficar alguns dias em sua casa, fenômenos inexplicáveis começam a aparecer e atormentar a menina, que vai gravar tudo o que acontece e perceber que tem coisas que é melhor nem ficar sabendo.
Nada do que fizeram os roteiristas Christopher Landon e Chad Feehan trouxe algo que não tenha sido usado e dito nos filmes anteriores. Os acontecimentos são premeditados, quase cronometrados, dando a oportunidade de os espectadores se livrarem da maioria dos sustos. O mote criado para que a assustadora Katie (Katie Featherston), que teve um final inconclusivo no primeiro filme e foi tendo sua história desvendada de forma homeopática nas duas sequências, fosse introduzida neste longa acabou sendo sem emoção, com cenas mal elaboradas. Além disso, o dia-a-dia da família é totalmente ensaiado e pueril.
A tensão está sempre lá no alto com este estilo de filmagem. A câmera na mão, os closes intimistas e o silêncio mortal, até em um drama incomoda (vide os hip-hop montage de Darren Aronofsky em Cisne Negro). Mesmo não surtindo o efeito que se esperava, os diretores Henry Joost e Ariel Schulman conseguem ser competentes no único ponto admirável do filme, pois a veracidade alcançada com esta “simulação” de gravações reais asseguram os raros sustos.
Esse cansaço em relação à qualidade de Atividade Paranormal 4 era de se esperar, ainda mais depois de ter exemplos claros com as franquias Jogos Mortais, Premonição e Pânico, outros terrores teen que ninguém agüenta mais. E como a quinta parte estará provavelmente nas telonas daqui a algum tempo devido ao final sugestivo, o público fiel estará à espera de mais do mesmo, só que muito mais enfadonho e com menos sustos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

E não foram felizes para sempre...

O segredo de Brokeback Mountain
A ausência dos famosos Happy Ends no cenário de filmes com temática gay gera uma inquietude particular por parte de uma camada considerável de fãs românticos do cinema

Tudo começa com uma tímida troca de olhares, uma conversa geralmente banal, e de repente um toque despretensioso e pronto! Fez-se a mágica! O casal segue os instintos, usam seus atributos pessoais para iniciar uma relação e alguns, mais físicos, para tentar mantê-la longe das intrigas, ciúmes, dúvidas, inseguranças. Enfim, todos os ingredientes indispensáveis para antagonizar os prós de uma história de amor, que de certo irá nos remeter ao ansiado final feliz.

Contudo, há certa parcela deste seleto grupo de casais apaixonados que não conseguem usufruir desta mesma condição. Trata-se dos protagonistas dos instigantes filmes de temática gay. Geralmente envoltos de turbulências sentimentais que nos direcionam a uma constante frustração, estas obras contam com todos os elementos necessários para se moldar um emocionante enredo de amor. Tudo está lá, em seu devido lugar. Os mesmos dramas, as cenas apaixonantes com juras de amor eterno temperadas com beijos ardentes. A diferença é de que no decorrer da trama o galã prefira o ele; e a mocinha a ela. Os ingredientes indispensáveis para uma boa história de amor, que de certo irá nos remeter a um final... Infeliz, criando assim uma incômoda sensação de melancolia que instiga um pertinente porquê.

Meninos não choram (1999)
Ao tratar de um tema tão delicado quanto à homossexualidade nas telas, Hollywood opta na maioria das vezes por centralizá-las em tramas mais densas, elevando a contundência da complexidade que envolve os sentimentos de cada personagem inserido na história. Esta fórmula particular alimenta o lado dramático da produção, deixando em segundo plano a poesia do romance. Vivenciar em todos os seus moldes este apelo emocional se faz de obras inesquecíveis. Por esta caracterização partem os filmes mais relevantes do gênero, os chamados oscarizáveis. Pérolas como Filadélfia (1991), Meninos não choram (1999), O Segredo de Brockeback Mountain (2006) e Milk- a voz da igualdade (2009) passearam com justiça pelo tapete vermelho. Sendo que a maioria deles tem algo mais peculiar, como revelar o lado real de toda história envolta de intolerância e dor. Uma das razões pelas quais elas assumem um caráter mais reflexivo, deixando de lado as cores da vida. Afinal, como pintar algo colorido no final deste arco-íris quando a vida real nos remete a cores tão insípidas e nebulosas?

Meu amor de verão (2004)
Outro fator que também é considerável nesta questão é a construção exaustiva dos personagens dentro desta temática. Na maioria dos scripts, o homossexual geralmente é descrito como um ser humano perturbado, isquêmico, insano. Perde totalmente a racionalidade. Coisas da paixão? Não acredito que seja apenas por isto. É verdade que quando alguém se sente atraído por outro alguém do mesmo sexo, a descoberta da identidade sexual se faz difícil, complicada, inquietante. Elementos que geram uma ótima sinopse. Mas chegar ao final de toda a trama carregando o peso deste “pecado” de amar torna as coisas mais previsíveis para que o “juízo final” se torne inevitável, implacável e triste. Tópicos acentuados em filmes adolescentes do gênero como Assunto de meninas (2001), cujo título original é Lost and delirius (perdidas e desvairadas); e Meu amor de verão (2004), em que vemos uma garota tentar afogar a amante num lago na cena final. Ainda tem Almas gêmeas (1995) de Peter Jackson, que embora seja baseado numa história real, mostra duas adolescentes que se entregam ao lado vil de sua essência e arquitetam um brutal assassinato da mãe de uma delas. Obras de qualidade inquestionável, mas que pecam quando deveriam mostrar ao público remetente justamente o contrário. Ou será que se apaixonar por alguém do mesmo sexo sempre vai significar se entregar totalmente ao lado obscuro da natureza humana?

Embora no decorrer das tramas se tente mostrar os homossexuais com a mesma aptidão de sentimentos que os outros, todo o ato transcorrido de traçar uma cortina de fumaça oportuna para igualar as identidades acaba não dizimando o preconceito no final, pois tira do público a chance de acreditar que todos nós somos iguais e merecemos usufruir de tais privilégios. Vistas constantemente da mesma ótica só faz acentuar a fragilidade das relações homossexuais e em nada acrescenta a mensagem de que se pode sim encontrar o pote de ouro no final do arco-íris sendo quem você é e sendo feliz em sua liberdade de escolha. Obter a Paz de espírito pelo menos através das telas, ratificando a frase primorosa de Fellini: “O cinema é um modo divino de contar a vida”. E o que seria mais divino do que contar (e exaltar) o amor?

Para alguns, a razão de toda esta tristeza gay no cinema tem as raízes nos poderosos que comandam Hollywood. Os mesmos que vetaram o reconhecimento cinematográfico de A paixão de Cristo, obra-prima de Mel Gibson. Eles decidem quem ou que irá apresentar em seu solo sagrado. Se o filme não vende para o público, não tem chance de embelezar sua história. O mesmo público que prefere assistir o drama e a tragédia nas histórias homossexuais do que enxerga-los como igual. A tolerância vai até o beijo na boca, a cena mais ousada, mas tudo sempre tem que dá errado no final. Ou seja, o que realmente conta é o infelizes para sempre. Lembrando uma colaboradora “sincera” de um blog (que infelizmente não me lembro de qual) que escreveu “tudo que é errado, tem que terminar errado.”.   

Imagine eu e você (2005)
Nem mesmo a bela e autêntica obra israelense Segredos íntimos (2007) escapa deste veredicto. No filme vimos como uma jovem judia prometida em casamento tenta se encontrar num seminário judeu para moças, entrando em conflito com as tradições de sua religião e com os desafios de encarar sem receios sua própria sexualidade ao se apaixonar por uma de suas colegas. À principio, tanto o amor quanto os ideais de ambas são recíprocos, mas bastou um rapaz se interessar por uma delas para vencer as leis da tradição judaica. E tudo terminou com a (bela) e oportuna cena de um casamento final.

A todos aqueles que ainda têm esperanças de ver casais homossexuais se regozijando com seu merecido júbilo nas telas, resta recorrer às comédias bobas e apelativas, que convenhamos, nada tem a acrescentar à temática, pois se exime da seriedade do assunto, criando caricaturas de seres humanos e induzindo o público a confortabilidade de seu preconceito num triste papel das novelas nacionais.

Para que se tenham mais obras que possam tratar o homossexual no cinema com a fidelidade de seres humanos que são, com direito a todo o pacote de sentimentos, sem rótulos, moldados apenas da mesma matéria que todos, é preciso se despir de preconceitos básicos, dos pecados originais. A mudança tende a partir de nós mesmos, para que se venda a ideia de um final mais digno e merecedor pra quem também conhece a arte de exaltar o amor. Neste espaço, indico a obra britânica Imagine e eu e você (2005), uma produção não muito badalada, mas riquíssima de valores em que vimos todos os personagens tratados sem estereótipos e o amor é o que move qualquer tipo de relação, bem como respondeu a protagonista Rachel (Piper Perabo) quando perguntada se ela e sua pretendente eram lésbicas: “Não importa do que você quiser chamar”. Ah, e no final ela e sua Lucy (Lena Header) terminaram juntinhas. Sem dramas, lágrimas de rejeição ou apelos, mostrando que se pode sim contemplar uma ofuscante luz deste belo arco-íris.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Meu ódio será tua herança (1969)


The wild bunch, 1969. Dirigido por Sam Peckinpah. Com Willian Holden, Ernest Borgnine, Robert Ryan, Warren Oates, Ben Johnson, Jaime Sanchéz, Edmond O’brien e Emilio Fernandéz.

Nota: 9.2

Quando muitos achavam que o western estava morto em território americano, principalmente quando o italiano Sergio Leone sacramentou o “spaghetti” em território europeu, eis que surge Sam Peckinpah e seu mainstream diferenciado para mostrar à nação que fundou o gênero que ainda possuía condições de produzir algo de qualidade. O resultado foi uma das obras mais emblemáticas do western, uma história de bandidagem, violência, mas acima de tudo, honra.

O caçador de recompensas Deke Thorton (Robert Ryan), juntamente com um corja de assassinos de segunda classe, saem à caça de um bando que se propõe a fazer um assalto em uma carga de armas do exército americano para o líder rebelde mexicano General Mapache (Emilio Fernandez). A tensão aumenta, e, quanto mais os fora-da-lei avançam para dentro do território mexicano em ebulição política, mais os perigos aumentam e seu destino fica incerto. Entretanto, jamais abandonam a honra que os guiaram por toda uma vida.

Uma das coisas que o diretor abandonou foi a necessidade de incluir os clichês consagrados por Howard Hawks e cia., apesar de toda sua aura ainda dependa da mitificação já sacramentada. Meu ódio será sua herança é um filme bruto, cruel, que se inicia mostrando ao que veio com tiroteios e morte para todos os lados, e sem ressentimentos. Na mais cruel das sequências, o bando que o título original sugere, liderado por Pike Bishop (Willian Holden), entra em um banco disfarçados de militares, onde são surpreendidos por uma emboscada e ocasionando varias mortes inocentes. Possui um ritmo lento, contemplativo, supervalorizado pela bela fotografia de Lucien Ballard, mas consegue ser cirúrgico na inclusão de confrontos e perseguições de tirar o fôlego.

Peckinpah , que também assina o roteiro ao lado de Wallon Grenn e Roy Sickner, faz um filme somente de homens maus. Explora o lado obscuro de cada personagem, mas em contrapartida, de uma forma lírica e arrebatadora expõe o único valor humano que conta em um cenário tão abrupto: a honra. Não há como afirmar que Pike, Dutch (Ernest Borgnine), os irmãos Gorch (Warren Oates e Ben Johnson), Angel (Jaime Sanchéz) e Sykes (Edmond O´brien) são os vilões. E, na conjectura do longa, isso não faz a menor diferença. Outra grande sacada do filme e a caracterização do General Mapache (Emilio Fernandez), que, apesar de seus atos cruéis, é adorado pelo povo, uma fórmula complexa de comparar o governo com a tirania.  É a afirmação de que o diretor pouco se importa com os fins que justificam os meios, ou seja, todos personagens são racionalizados à mesma categoria.

O resultado de tudo isso é um espetáculo sangrento, valorizado pelas câmeras lentas que dão a impressão que os confrontos são bem mais grandiosos do que realmente são. Além disso, é uma mensagem que os Irmãos Coen voltariam a transmitir em Onde os fracos não têm vez (2007), que a chegada de novas formas de propagar a violência (exemplificada na forma da metralhadora Gatling), extinguiria o espaço para os homens bons. Sam Peckinpah sabia disso mais de três décadas atrás, o que o torna ele um fora de série.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Personagens inesquecíveis: John Nash (Russel Crowe)



Filme: Uma mente brilhante (2001)

Numa das mais brilhantes interpretações da história, Russel Crowe viveu um homem de personalidade inigualável, de natureza vitoriosa e com uma força de vontade ímpar teve de superar as agruras da profissão que escolheu, que por si só já seria um desafio. O de ensinar, de se tornar ícone para os jovens americanos. Contudo, este homem modelo se tornou um exemplo muito mais relevante quando seu teve de superar um desafio mais além das salas de aula. O de superar ele mesmo. Acometido por uma doença incurável, o professor teve de aprender com a esposa a mais dura, porém recompensadora lição: a de amar. “É somente nas misteriosas equações do amor que alguma lógica pode ser encontrada.” Assim, John Nash entrou de vez para a galeria dos grandes nomes da história não pelo Prêmio Nobel de 1994, mas por representar a paixão e o imenso valor dos profissionais que se dispõe a vencer todos os dias as mesmas dificuldades no caminho para a formação de outros. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Incêndios (2010)


Incendies, 2010. Dirigido por Denis Villeneuve. Com Lubna Azabal, Melissa Desormeaux-Poulin, Maxim Gaudette e Rémy Girard.

Nota: 9.4

Nunca se conhece uma pessoa de verdade sem saber com clareza seu passado. E nessa máxima é que Denis Villeneuve se embrenha na história de uma mulher que, depois de morta, manda seus filhos Jeanne (Melissa Desormeaux-Poulin) e Simon (Maxim Gaudette) a uma viagem para acertar contas com seu passado, para que ambos possam entender as atitudes de sua mãe no presente, e vivam sem peso o futuro.

Narwal (Lubna Azabal) viveu os horrores da explosão da guerra civil que assola a região da Faixa de Gaza na década de 70. Suas memórias, dividida entre capítulos, permeando o “agora” de seus filhos gêmeos vai aos poucos explanando, tanto a eles quanto ao público, as peças do quebra-cabeça que é apresentado assim que Jean (Rémy Girard) abre seu testamento, com cartas ao pai deles (que eles acreditavam ter morrido) e também ao seu irmão perdido.

Villeneuve, brilhantemente, exibe uma cinematografia fria e imparcial. Uma mescla de amor, sofrimento e ódio, ora intercalados, ora fundidos em uma mesma ação. Não poupa o público da crueldade ao mesmo tempo em que exalta as atitudes da implacável Narwal. Com uma astúcia assustadora, soube aproveitar toda a atmosfera tenebrosa que a guerra proporciona à trajetória de Narwal, sem exageros ou convenções.

Jeanne não se contém em saber toda a verdade por trás daquele segredo revelado e viaja pela aridez, ao mesmo tempo em que arrasta o relutante Simon para a causa. Quanto mais se aproximam da verdade, mais decisões limite são obrigados a tomar. O diretor captura através de suas lentes, as imagens panorâmicas para subjetivar a dificuldade da busca, e também os closes intimistas ou o silêncio cortante para injetar gradativamente a inquietação.

Um road movie brutal e ao mesmo tempo sensível, um filme que se despe de qualquer preconceito estilístico e que em momento algum impõe julgamentos. Uma obra de arte do cinema canadense e um imenso libelo que deve ser visto e revisto. Tanto pelo seu grande estudo de comportamento na relação amor/ódio, quanto pela sua grande capacidade em hipnotizar e surpreender.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Até que a sorte nos separe (2012)


Idem, 2012. Dirigido por Roberto Santucci. Com Leandro Hassum, Danielle Winitis, Kiko Mascarenhas, Rita Elmôr, Carlos Bonow e Mauricio Shermman.

Nota: 2,5

O gênero com maior espaço no nosso atual cinema é a comédia. São as que ganham mais destaque na mídia, pois geralmente reúne a nata dos profissionais em evidência no cenário televisivo. Entretanto, por serem tão ligadas aos moldes da TV (Leia-se Globo) essas comédias descambam para algo cansativo, exagerado e, por vezes, sem graça. Com Até que a sorte nos separe, nem mesmo o conhecido talento de Leandro Hassum consegue legitimar o humor e, por incrível que pareça, ele é um dos grandes problemas.

O longa traz o casal Tino (Leandro Hassum) e Jane (Daniele Winitis), que ganharam 100 milhões de reais na mega-sena assim que se casaram. Depois de 15 anos esbanjando a fortuna, o rapaz descobre que sua conta está no vermelho, sua mulher está grávida e ele não tem mais aptidão para voltar para a profissão da juventude. Com a ajuda do seu vizinho economista e metódico Amauri (Kiko Mascarenhas), Tino vai tentar reduzir os gastos, mesmo sem contar a Jane, e ainda reaprender valiosas lições que há muito estavam esquecidas.

A história tinha até potencial para render no mínimo uma daquelas comédias morais, sobre erros, aprendizados e redenções, já que é inspirada no best-seller Casais inteligentes enriquecem juntos, porém com pouco tempo de fita já é possível observar que tudo não passou de uma boa intenção. O roteiro recai para o lado do non-sense cômico e sobrecarrega a tela com números stand-up de Leandro Hassum. Suas caras, bocas e toda a sorte situações bizarras, além dos gritos e urros escalafobéticos, comprimem o restante dos personagens, que passam a elenco de apoio de luxo. A trama paralela envolvendo Amauri e sua esposa Laura (Rita Elmôr), que seria o contrabalanço da situação de Tino, foi mal desenvolvida e vazia. A grande lição de moral que dependia da conexão entre as duas histórias foi reduzida a uma situação novelística, totalmente previsível.

A opção do diretor Roberto Santucci em centralizar Hassum prejudicou a linha narrativa do filme, já que parecia praticamente obrigatório que o ator fizesse alguma piada em toda a sequência em que estava presente, mesmo quando o apelo não era necessário. Seu trabalho é inferior ao que fez no bobo, mas sucesso de bilheteria, De pernas pro ar (2011), em que a graça, mesmo rala, era compartilhada por todo o elenco.  Daniele Winitis se sai bem nas poucas vezes em que tem o centro das atenções, assim como Aílton Graça, que rende boas cenas como um designer de interiores fajuto. Até a ponta de Maurício Shermman como um “poderoso chefão” (o que não deixa de ser verdade, já que o filme é produzido pela Rede Globo) quebra um pouco a escatologia, que naquele momento já aborrecia.

Talvez este filme coloque de vez na cabeça de alguns produtores que este tipo de comédia só funciona em sitcons, humorísticos dominicais e novelas das sete. Os façam investir mais em histórias construtivas, que tenha humor, porém, daqueles que os risos são conseqüências de situações absurdas do cotidiano. Daquelas que vez ou outra acontece em nosso país, e que só dando boas gargalhadas mesmo para engolir.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Uma cruz à beira do abismo (1959)


The Nun’s Story, 1959. Dirigido por Fred Zinnemann. Com Audrey Hepburn, Peter Finch e Edith Evans

Nota: 8.8

As inquietações humanas por dentro das paredes de um mundo raramente mencionado no cinema é o mote deste clássico imperdível de Fred Zinnemann

O ano era 1959 e o diretor Fred Zinnemann decidiu levar a público “a história de uma freira”, tradução literal do livro de Kathryn Hulme. Em suas páginas, a autora relata acontecimentos verídicos envolvendo um grupo de freiras de um convento bem conceituado na Bélgica. Neste grupo, se encontra a jovem idealista Gabrielle Van der Mal (Audrey Hepburn), que adia o casamento com um bom partido para ingressar na ordem com o intuito de elevar sua compaixão pelos menos favorecidos. Ou seja, nada além do que almeja uma moça quando se despõe a doar-se em prol de sua vocação. Entretanto, aos poucos o espírito indômito de Gabrielle, agora Irmã Luc, entra em colisão com as normas do convento bem como as inúmeras restrições de sua Igreja. É aí que o filme ganha os mais interessantes contornos.

Mesmo sendo dona de uma força inspiradora, Gabrielle constantemente passa a viver sufocada, não pelas dúvidas de seus sentimentos para com o próximo, e sim, pelas amarras ortodoxas que a impedem de questionar os limites existentes entre um mundo seguro de paciência e orações e a realidade da vida afora. Ela sente que sua vocação é forte, mas o desejo em praticar o Bem sem que sinta nos ombros a certeza de carregar a cruz da desobediência é mais latente. Assim, o sonho em se tornar uma das admiráveis missionárias no Congo vai ficando distante, até que aprenda a mais dura das lições: a obediência.

Quando enfim ela consegue seu passaporte depois que a titular do encargo adoece, vai do céu ao inferno no escaldante solo africano. Munida de seus conhecimentos médicos passa a trabalhar no laboratório do Hospital dos “brancos” bem longe do contato humano que tanta ansiava. A jovem tende a aprender mais uma lição indispensável para sua formação: lidar com as decepções. Como assistente do intrépido Dr. Fortunati (Peter Finch), ela não só começa a crescer no trabalho como também encontra seu verdadeiro caminho, que vai muito além de monções. Ao soar a Segunda Guerra Mundial no país, Gabrielle aprende que nem sempre a obediência é o combustível necessário para fazer o Bem e que não é preciso vestir um hábito e se curvar diante de leis imutáveis para ser uma boa cristã. O poder de suas orações se materializa por suas ações quando se deixa levar pelas necessidades da Resistência fugindo da neutralidade do clero.

Cenas bem construídas e diálogos inquietantes marcam este clássico, vencedor de 5 Globo de Ouro e indicado a 8 Oscar. O filme abre um leque de situações impensáveis dentro deste instigante universo de fé e tradição. Algo jamais visto com tamanha fidelidade nas telas de cinema. Diferente do romantismo de A noviça rebelde ou da comédia escrachada de Mudança de Hábito, Uma cruz à beira do abismo não é apenas uma luta agonizante de dúvidas pessoais entre o ser ou não ser, ter ou não ter. Vai mais além, pois expõe com clareza a singularidade do fazer o Bem, moldado nos princípios de Cristo. Um apelo reflexivo e oportuno ao despertar o sentimento de união entre os povos após da Segunda Guerra Mundial.

O roteiro de quase três horas nos faz vivenciar todo um calvário pelo qual passa uma heroína imperfeita que ao reconhecer sua verdadeira essência, se liberta do pragmatismo religioso e irrompe mundo afora. Uma das mais magníficas interpretações da nossa eterna bonequinha de luxo, que herdou o papel depois da desistência de Ingrid Bergman. Sorte de Hepburn que pôde mais uma vez comprovar seu imenso talento e a forte presença de cena. Radiante, acabou vencendo o Globo de Ouro de Melhor atriz drama e concorrendo ao Oscar num filme obrigatório para as mais diversas questões. Religião, política, liberdade de expressão, intolerância. Através dele, podemos colher as fontes inspiradoras de uma grande obra presente em todos os tempos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Milagre em Sant’Anna (2008)


Miracle in Sant’Anna, 2008. Dirigido por Spike Lee. Com Laz Alonso, Derek Luke, Michael Ealy, Omar Benson Miller, Pierfrancesco Favino, Valentina Cervi, Joseph Gordon-Levitt, John Turturro, Kerry Washington e John Leguizamo.

Nota: 7.2

Spike Lee é um inegável defensor dos direitos dos negros e não tem a menor vergonha de destinar suas obras cinematográficas a eles. Desde seu debute em Ela quer tudo (86), se enveredou por temas do cotidiano da sociedade afrodescendente americana. Atingiu o ápice com o brilhante Faça a coisa certa (1989), e desde então cutuca no assunto que a população estadunidense, e mundial, não gosta de falar, mas ele existe muito por aí, a discriminação racial. Em Milagre em Sant’Anna, Lee aproveita o mote para mostrar que negros também morreram pelo país na guerra, em uma história emocionante.

O filme começa com uma brutalidade típica do diretor, quando um pacato funcionário dos correios, Hector Negron (Laz Alonso), dá um tiro no peito de um homem que lhe comprava um selo. Na prisão recebe a visita do jornalista Tim Boyle (Joseph Gordon-Levitt) que pretende descobrir o motivo do assassinato. Daí para frente a história retrocede até os campos de batalha na 2ª guerra mundial, onde Negrón e outros três companheiros da divisão “all-black” de Buffalo se separam do pelotão e salvam um garotinho perdido. Seus destinos o levam a uma pequena cidade onde são tratados com respeito e começam a se questionar o motivo pelo qual lutam para defender um país que não os aceitam como são, tudo entremeado por discussões sobre honra e fé.

Tudo o que está presente nas obras anteriores de Lee está no longa, as pesadas cenas de massacre, os relacionamentos conturbados entre os protagonistas e a militância em prol dos negros. O roteiro escrito por James McBride, a partir de seu próprio livro foca no comportamento daqueles homens que se veem em um inferno para defender uma causa que, segundo eles, não são suas. Cada um dos personagens expõe uma forma diferente de enfrentar tudo aquilo, como o grandalhão Train (Omar Benson Miller), por exemplo, encontra no pequeno Angelo (Matteo Sciabordi) um alento místico para seu sofrimento.

Poderia McBride ter aberto mão de exagerar nos questionamentos, que por vezes se estenderam para os personagens Partisans, rebeldes italianos que se aliaram aos americanos. Nesta parte o filme ganha um lentidão sonolenta, o que pode funcionar em livro, mas não na película. Quando se restringe no dilema que envolve as questões raciais, representado pelo Capitão Nokes (Walt Goggins), e tudo transcorre para um final emotivo e transcendental, a fita passa a ser muito mais interessante.

Pelo seu tom novelístico, Milagre em Sant’Anna passa longe de ser um dos melhores filmes de Spike Lee, porém é o mais suportável aos olhos pouco habituados ao seu estilo brusco de tratar os assuntos. Sua câmera vacilante se perde quando poderia explorar o visual das locações e ganhar em linha dramática. Mas quando se torna intimista no trato do comportamento do grupo de soldados e do misticismo em torno do garoto, acerta em cheio e lembra seus melhores tempos. Teriam mesmo aqueles jovens morrerem por um país que ignorava sua condição de ser humano? Lee não se preocupa em responder, já que o milagre em questão (revelado no fim) é o que realmente importava.  Um exemplar destinado aos negros, mas indicado a todos os públicos.

sábado, 6 de outubro de 2012

Perfume de Mulher (1992)


Scentof a woman. Dirigido por Martin Brest. Com Al Pacino, Chris O'Donnel, James Rebhorn, Gabrile Anwar e Philip Seymour Hoffman.

Nota: 9.4

O que aflige os homens? Quais são as questões que atormentam a sociedade? Bom, isso é muito relativo. Teríamos milhões de respostas, todas com um ponto de vista pessoal ou científico. Mas uma boa demonstração de como uma provação nos assombra é mostrada de forma sutil e brilhante em Perfume de Mulher, produzido e dirigido por Martin Brest e que emocionou multidões em todo o mundo.

O filme não é, e não se trata de preconceito, para comedores de pipoca de plantão. O contexto precisa de estudo e um questionamento próprio. A vida galga por trilhas às quais nem sempre são as que escolhemos, é difícil. Os dois personagens centrais do longa passam por um duro momento. Um, de desilusão com o futuro que terá, o da cegueira completa. O outro tem a difícil missão de não prejudicar companheiros de escola, mas também não ser expulso e perder a chance de crescer na vida. Frank Slade, Al Pacino em performance inesquecível, é um veterano do exército que ficou cego após um incidente em serviço, e deseja morrer, e Charlie Simms, Chris O’Donnel, um estudante que se vê como testemunha de uma “brincadeira” feita com o diretor da escola e com chances de ser expulso, duas histórias, porém com mesmo dilema: por qual caminho seguir.

Através da visão dos dois personagens, o roteiro de Bo Golman faz com que os questionamentos dos dois se tornem nossos. A intensidade sublime dos 156 minutos de filme cria um laço fraterno entre público e personagem, cabendo a cada um aprender com eles, o que lecionaram entre si, a lição mais importante que a vida nos concede, a perseverança. Quando percebem o bem que há em levantar a cabeça e seguir, passam a enxergar o que às vezes a sociedade esconde, o de que viver é fácil, fazer a escolha certa, não.

A lição maior de Perfume de Mulher talvez esteja em seu título. Os perfumes de diferentes tipos de mulher fizeram Frank tomar o caminho certo, foi sua salvação. Basta a todos nós descobrir a essência que nos faz tomar a decisão certa na hora da dúvida, algo que o nariz possa não captar, mas o coração sim. Só assim a vida será como um Tango ao som de Gardel, onde mesmo você não sabendo os passos, e que se atrapalhe e erre, não pare de dançar, nunca.

P.S: Um amigo fã de Al Pacino me questionou uma vez o fato do ator ter ganho apenas um Oscar. Na hora fiquei pensando e não respondi. Mas revendo Perfume de Mulher, cheguei a um consenso. A atuação de Pacino é uma das melhores que o Cinema já viu, e mesmo tendo outras grandes atuações, nenhuma se compara a Frank Slade. Se lhe servir de consolo amigo, a interpretação de Pacino, devidamente premiado, alivia qualquer possível injustiça que possa ter ocorrido em suas outras seis indicações.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Personagens inesquecíveis: Sally Bowles (Liza Minelli)


Filme: Cabaret (1972)

A irresistível dançarina Sally Bowles marcou para sempre a história do cinema com sua poderosa voz, além da molequice, rebeldia, anarquia, sensualidade e intensidade. A cada minuto, a sensação é que Bowles é como uma efígie hipnotizante que retém todas atenções, e nos faz sempre reféns ao vislumbrar sua performance. Liza Minelli entrega tanto amor, dedicação e domínio de palco (herança de sua mamãe Judy Garland) à personagem, o que lhe rendeu um Oscar e fundiu esta faceta hiperbólica e dominante à sua própria personalidade. Se o ótimo musical dirigido por Bob Fosse ainda encontra resistência de alguns críticos, Sally Bowles, pelo contrário, é uma unanimidade. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Looper - Assassinos do futuro (2012)


Looper, 2012. Dirigido por Rian Johnson. Com Joseph Gordon-Levitt, Bruce Willis, Emily Blunt, Jeff Daniels, Paul Dano e Pierce Gagnon.
Nota: 8.3

Se o ser humano algum dia puder viajar no tempo, estaria realizando um de seus maiores fetiches. No cinema, o tema já foi abordado de diversas maneiras, com algum nexo ou não, mas sempre sem conseguir agradar a todos. Em Looper – Assassinos do futuro, o roteirista e diretor Rian Johnson incorpora violência, telecinesia e divagações existenciais e constrói uma trama inteligente, eletrizante e deixa o público preso na cadeira até o último minuto, mesmo que a relação temporal provoque mais perguntas do que respostas.
Joe (Joseph Gordon-Levitt) é um looper, contratado por homens do futuro que mandam seus inimigos para o passado para que ele os elimine em troca de muito dinheiro e uma vida sem limites. Quando sua próxima vítima é sua versão mais velha (Bruce Willis), ele hesita e tudo sai do planejado. Agora terá de rastrear e eliminar o velho Joe, antes que a gangue de loopers, chefiadas por Abe (Jeff Daniels) o ache e o extermine. Contudo, quando encontra pelo caminho a corajosa Sara (Emily Blunt) e seu filho Cid (Pierce Gagnon), seus planos vão mudar e novas escolhas terão de ser feitas.
Desde o início do filme o ritmo aponta para algo bem mais intrigante e reflexivo que a premissa dava a atender. O roteiro de Johnson tenta ser didático e passar o máximo de informação possível para o espectador, preparando terreno para que ninguém perca tempo imaginando as consequências de atos dos personagens e mudanças de rumos da história, como acontece, por exemplo, em De volta para o futuro. Limita as questões e destaca apenas o que seria necessário para que o raciocínio lógico prevaleça. Tudo transcorre muito bem, entretanto, a certa altura do filme, as amarras ainda estão frouxas e a necessidade de respostas aparece. Mesmo não provocando a queda de interesse pelo desfecho, a situação traz um ruído na continuidade quase inevitável neste tipo de tema.
Porém, tudo é compensado com a versão do futuro (a trama se passa em 2044) bem arquitetada, com um ambiente sócioeconômico não tão apocalíptico quanto em Filhos da esperança, nem tão hiperbólico quanto no recente O vingador do futuro. A visão de Johnson é mais social, que enaltece as possíveis diferenças de cunho econômico, com traquitanas tecnológicas bem mais modestas. Os protagonistas ainda usam as armas de fogo que levam munição de pólvora, sem raios laser. Em contrapartida, um elemento novo inserido neste contexto é o poder telecinético, que, apesar de ter ligação direta com a solução do impasse final, é um dos componentes mal-explicados criados pelo roteirista, já que não apresenta algo contundente para justificar as pessoas dotadas de tal poder.
O ponto forte do longa reside na boa forma de seu elenco. Gordon-Levitt está despido da aura de bom moço e incorpora o anti-herói de forma truculenta, ao mesmo tempo que se rende a momentos de sensibilidade. Bruce Willis faz um bom trabalho, talvez seu melhor desde O sexto sentido, e nos passa o sofrimento amargo que o velho Joe tem de enfrentar para garantir "seu futuro". Emily Blunt faz boa dupla com o pequeno Gagnor, que diga-se de passagem, está formidável.
Essa mistura de ficção, western e ação proposta por Rian Johnson surpreende não pela forma como referencia abertamente diretores como Tarantino, Eastwood e os irmãos Coen, mas sim por criar metáforas em relação ao tempo fora de eixo, explícita em cada vez que o relógio emite seu som característico. Ainda que consiga confundir a cabeça de alguns, faz um filme inteligente e hipnótico, com montagem concisa, tudo sem exagero. É um daqueles filmes que nasceu com o simples intuito de entreter, mas acaba se tornando algo bem maior e melhor.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sombras da noite (2012)


Dark Shadows, 2012. Dirigido por Tim Burton. Com Johnny Deep, Helena Bonham Carter , Michelle Pfeiffer, Chloe Grace Moretz, Jackie Earle Haley, Johnny Lee Miller, Bella Haethcoat e Eva Green.

Nota: 6,0

Nova parceria de Tim Burton e Johnny Deep peca ao fugir da característica principal do diretor despencando num abismo de erros e decepções

Como fã de diretores geniais e hiperbólicos, considero Tim Burton um personagem importante da indústria cinematográfica.  Talentoso, o diretor usa e abusa de sua genialidade a cada trabalho sempre extraindo algo de excêntrico em suas histórias. O trunfo do diretor é adaptar este elemento em obras de grande diversidade. Drama, fantasia, terror, ação, animação. Ele passeia com tamanha autoridade sob cada uma destas esferas cinematográficas.

Em seu mais recente trabalho, Tim conta com a ajuda de sempre, Johnny Deep. Tão excêntrico quanto, e que tantas vezes brilhou sob sua batuta, aqui se torna protagonista de uma parceria que se estende do outro lado das lentes, sendo um dos produtores de Sombras da noite, thriller baseado numa série dos anos 60, que pode ser considerado uma mescla de Nosferatu, Drácula de Bram Stocker e A família Adams.

A maquiagem de Deep é perfeita, lembrando a do eterno clássico de terror enquanto tenta contar a história de seu amaldiçoado Barnabas Collins. O mito em questão fora herdeiro de uma enorme Indústria de pesca da cidade de Nova Iorque após imigrar da Inglaterra com os pais. Logo de cara, o pequeno Barnabas (Justin Tracy) desperta a paixão fulminante da pequena Angelique (Raffey Cassidy). Anos mais tarde, Angelique (Eva Green) vira um mulherão e nem assim consegue o amor de seu objeto de desejo. Então transforma o seu amor em vingança ao se valer de Magia Negra para matar todos que seu “amado” mais ama o que nos leva a uma linda jovem de nome Josette (Bella Heathcote) que sob poder da bruxa cai num precipício diante dos olhos atônitos de Barnabas. Ao ir encontrar seu amor, o pobre desperta a maldição tornando-se um ser da noite perseguido e acorrentado por 2 séculos até que um grupo de trabalhadores encontram seu caixão soterrado.

Começa aí sua saga de vingança contra quem o amaldiçoou. Ele passeia pelo novo e intrigante mundo antes de retornar para seu império em ruínas. A casa de Collinsport, habitada por seres tão estranhos quanto ele, torna-se novamente seu lar como esteio para fazer ressurgir o poder de sua família. Em seu caminho, uma pequena distração, a reencarnação de seu amor perdido, Victoria Winters (Bella Heathcote). Uma garota traumatizada pelos próprios pais pelo fato de ver gente morta e que vai parar na casa como governanta. A relação dos dois pombinhos é pautada pelo fato de ambos serem diferentes aos olhos humanos, e um amor intacto. Intacto também é o desejo de Angelique, agora uma poderosa empresária local, que não mede esforços para fazer jus ao rótulo de Bruxa Má.  

A rivalidade bicentenária entre o vampiro e a bruxa é o que move os 113 minutos do filme. E só. Diferente de seus outros trabalhos, Tim parece ter perdido a mão com cenas exageradas, humor bobo, trejeitos cansativos de seus personagens e um roteiro fragmentado demais. Não se sabe em que direção ele quer nos levar. Drama, comédia, terror, ficção. É tudo um amontoado de gêneros que nos faz perder o interesse na história e esperar o momento certo para saltar do penhasco.

Os personagens nada têm a acrescentar à história. A veterana Michelle Pfeiffer nunca foi lá uma Bete Davis, mas colocá-la num papel sofrível como este melhor se tivesse enfiado uma estaca em seu coração. A ótima Helena Bonham Carter provavelmente estava em crise conjugal com Burton, uma vez que sua personagem nem de longe lembrou os ótimos papéis de filmes anteriores. Vendo uma atuação tão abaixo da crítica, fico com a sensação de que deviam ter-lhe dado o papel da Bruxa, de vilã, que inexplicavelmente foi parar nas mãos da fraquíssima Green. De escape, só mesmo a jovem e talentosa Chloe Moretz tenta dar um ar de sarcasmo e ironia providencial a sua Carolyn, uma adolescente típica que rende bons momentos na trama esburacada.  Mas enfim como aprofundar uma análise de personagens e roteiro num filme que prezou muito o lado de sua produção?

Talentoso, Deep dá seu habitual show, habitual. Seu personagem parece não fugir do que já estamos nos acostumando (e cansando) a vê-lo. Uma fusão de Edward mãos de tesoura, Sweeney Tood e Jack Sparrow? É exatamente isso! Com a confusão do roteiro e da história (que história mesmo?) nos leva a uma salada cinematográfica indigesta. O final, então... (Me segura, que eu vou pular!) Uma obra simplesmente esquecível de Tim, que deixa de lado a criatividade e mostra mais do mesmo. Neste compasso, parece que tanto ele quanto Deep vão precisar de pelo menos 200 anos para se reinventar.

Acostumado a impressionar em trabalhos impecáveis correlacionados com o roteiro e o texto, o diretor e seu cúmplice se deixam levar pela embriaguez do cenário, maquiagem e efeitos visuais, e, entram perigosamente na comodidade de cenas escatológicas, cansativas que decaem para o lugar comum do diretor. Tudo bem que em tempos de vampiros que brilham ao sol, casam-se com uma mortal e a engravida na lua-de-mel, a liberdade poética é válida e ainda mais vinda de um diretor genial como Burton. Porém nada disso se casa com sua marca registrada nesta decepcionante obra que nos obriga a ver seu protagonista se perder em meio ao drama e comédia.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Previsões para Oscar 2013

Como manda a tradição, chega a época dos cinéfilos tentar adivinhar os possíveis indicados ao Oscar do próximo ano. Sempre antes de o lobby ficar intenso. O cineposforrest aposta nas categorias que são mais "fáceis" de prever. Mas, como se sabe, nem sempre tudo é o que parece. Eis as apostas.



MELHOR FILME


Podem entrar



MELHOR DIRETOR

  • Steven Spielberg (Lincoln)
  • Paul Thomas Anderson (The master)
  • David O. Russel (Silver linnings playbook)
  • Ben Affleck (Argo)
  • Michael Haneke (Amour)

Podem entrar

  • Quentin Tarantino (Django unchained)
  • Ang Lee (Life of Pi)
  • Kathryn Bigelow (Zero dark thirty)
  • Tom Hooper (Les miserables)
  • Benh Zeitlin (Beasts of the southern wild)


MELHOR ATOR

  • Daniel Day-Lewis (Lincoln)
  • John Hawkes (The sessions)
  • Anthony Hopkins (Hitchcock)
  • Joaquin Phoenix (The master)
  • Bradley Cooper (Silver linnings playbook)


Podem entrar

  • Bill Murray (Hyde Park on Hudson)
  • Hugh Jackman (Les miserables)
  • Jamie Foxx (Django unchained)
  • Jean-Louis Trintignant (Amour)
  • Denzel Washington (O Voo)


MELHOR ATRIZ

  • Keira Knigthley (Anna Karenina)
  • Emmanuelle Riva (Amour)
  • Quvenzhané Wallis (Beasts of the southern wild)
  • Marion Cottillard (Rust & bone)
  • Jennifer Lawrence (Silver linings playbook)


Podem entrar

  • Viola Davis (Won´t back down)
  • Judi Denchi (The best exotic Marigold Hotel)
  • Helen Mirren (Hitchcock)
  • Anneth Benning (Imogene)
  • Naomi Watts (The impossible)


MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Philip Seymour Hoffman (The master)
  • Leonardo DiCaprio (Django unchained)
  • Alan Arkin (Argo)
  • Willian H. Macy (The sessions)
  • Robert DeNiro (Silver linnings playbook)


Podem entrar

  • Tom Wilkinson (O exótico Hotel Marigold)
  • Tommy Lee Jones (Lincoln)
  • Russel Crowe (Les miserables)
  • Bryan Cranston (Argo)
  • Matthew McConaughey (Magic Mike)


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Amy Adams (The master)
  • Anne Hathaway (Les miserables)
  • Sally Field (Lincoln)
  • Helen Hunt (The sessions)
  • Amanda Seyfried (Les miserables)


Podem entrar

  • Samantha Barks (Les Miserables)
  • Pauline Collins (Quartet)
  • Kerry Washington (Django unchained)
  • Frances McDormand (Promised land)
  • Jacki Weaver (Silver linnings playbook)


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Paul Thomas Anderson (The master)
  • Quentin Tarantino (Django unchained)
  • Michael Haneke (Amour)
  • Joel e Ethan Coen (Inside Llewin Davis)
  • Matt Damon & John Krasinski (Promised land)


Podem entrar

  • Ben Lewin (The sessions)
  • Mark Boal (Zero dark thirty)
  • Brenda Chapman & Irene Mecchi (Valente)
  • Wes Anderson & Roman Coppola (Moonrise Kingdom)
  • Zoe Kazan (Ruby Sparks)


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • David Magee (Life of Pi)
  • Chris Terrio (Argo)
  • Tony Kushner, John Logan & Paul Webb (Lincoln)
  • David O. Russell (Silver linnings playbook)
  • Lucy Alibar & Benh Zeitlin (Beasts of the southern wild)

Podem entrar
  • William Nicholson (Les misérables)
  • Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson & Guill (O Hobbit)
  • Richard Nelson (Hyde park on Hudson)
  • Tom Stoppard (Anna Karenina)
  • Andrew Dominik (Killing them softly)


MELHOR MONTAGEM

  • Argo (Willian Goldenberg)
  • Lincoln (Michael Kahn)
  • Life of Pi (Tim Squyres)
  • The Master (Peter McNulty)
  • O Cavaleiro das Trevas ressurge (Wally Pfister)


Podem entrar

  • Les Misérables (Chris Dickens)
  • Zero dark thirty (Dylan Tichenor)
  • Django unchained (Fred Raskin)
  • Looper - Assassinos do futuro
  • Beasts of the southern wild (Crockett Doob & Alfonso Gonçalves)


MELHOR FOTOGRAFIA

  • Life of Pi (Cláudio Miranda)
  • To the wonder (Emannuel Lubeszki)
  • Lincoln (Janusz Kaminski)
  • Beasts of the southern wild (Ben Richardson)
  • Django unchained (Robert Richardson)


Podem entrar

  • The master (Mihai Malaimare Jr.)
  • Les misérables (Danny Cohen)
  • O Hobbit: uma viagem inesperada (Andrew Lesnie)
  • O Cavaleiro das Trevas ressurge (Wally Pfister)
  •  Skyfall (Roger Deakins)


MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

  • Anna Karenina (Sarah Greenwood)
  • O Hobbit: Uma jornada inesperada (Dan Hennah)
  • Lincoln (Rick Carter)
  • Sombras da noite (Rian Johnson)
  • Prometheus (Arthur Max)

Podem entrar

  • The master (David Crank & Jack Fisk)
  • Les misérables (Eve Stewart)
  • Beasts of the southern wild 
  • Django unchained (J. Michael Riva)
  • Hyde park on Hudson (Simon Bowles)


MELHOR FIGURINO

  • Anna Karenina (Jacqueline Durran)
  • Les misérables (Paco Delgado)
  • O Hobbit: Uma viagem inesperada (Ann Maskrey & Richard Taylor)
  • Lincoln (Joanna Johnston)
  • Espelho, Espelho meu (Eiko Ishioka)


Podem entrar

  • A viagem (Kym Barrett, Pierre Yves-Gaurad)
  • Jogos vorazes (Judianna Madovsky)
  • Rock of ages (Rita Ryack)
  • The master (Mark Bridges)
  • Sombras da noite (Colleen Atwood)

MELHOR MAQUIAGEM

  • O Hobbit: Uma viagem inesperada
  • Lincoln
  • Les misérables

Podem entrar

  • A viagem
  • Sombras da noite
  • Anna Karenina
  • Prometheus
  • Espelho, Espelho meu



MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

  • Valente
  • ParaNorman
  • Detona Ralph

Podem entrar

  • The secret world of Arrietty
  • Hotel Transilvânia
  • A origem dos guardiões
  • Frankenweenie
  • Piratas Pirados!



MELHOR FILME ESTRANGEIRO

  • Amour (Áustria)
  • Intocáveis (França)
  • Cesare deve morire (Itália)
  • No (Chile)
  • Barbara (Alemanha)

Podem entrar

  • Sangue do meu sangue (Portugal)
  • O Palhaço (Brasil)
  • Rebelle (Canadá)
  • Royal Affair (Dinamarca)
  • Barfi! (Índia)