Se tem um diretor que aproveitou
demais sua condição de notável no mundo do cinema, este foi Billy Wilder. Um
monstro sagrado que conquistou o respeito do público, da crítica, dos atores e
dos chefões dos estúdios por sua personalidade afável e sua capacidade de
trabalhar nos mais diversos gêneros. Tanto que em cada um conseguiu fazer um
filme que figura entre os melhores da história. O cineposforrest listou os 10
imperdíveis da filmografia desse grande diretor, conhecido por alguns como “o
grande mentiroso” do meio cinematográfico, mas que na verdade no deliciou com
pérolas inesquecíveis.
10 – Sabrina (Idem, 1954)
Filha (Audrey Hepburn) de um
motorista de uma família milionária se apaixona por um dos filhos (Humphrey
Bogart) do patrão, que deve se casar com uma ricaça por conveniência. O irmão (Willian
Holden) do rapaz tenta resolver a situação enganando a mocinha. Bela produção
em preto e branco, uma espécie de Romeu e
Julieta misturado com A Gata
Borralheira, que ganha ainda mais em simpatia devida a graciosidade e
ternura de Hepburn na fotografia sensível do brilhante Charles Lang. Wilder dá
seu toque pessoal em seu filme mais amoroso, para ver curtindo a canção La vie em Rose, o humor e as doces
lágrimas da heroína. Apaixonante.
Cotação: 8,1
Cotação: 8,1
9 – Inferno Nº 17 (Stalag 17, 1953)
Em 1944, 630 sargentos da Força
Aérea são prisioneiros alemães e todos seus atos são de conhecimento de seus
raptores. Um sujeito cínico (Willian Holden) e que não acredita que asirão
vivos do local é tido como um traidor pelos outros presos. Com roteiro de
Wilder e Edwin Blum, adaptado de uma peça de teatro, o filme ganha o público
com piadas políticas e raciais, além de contar com uma dupla inspirada formada
por Robert Strauss e Harvey Lambeck para isso. Apesar de tudo ser previsível e
o suspense desvalorizado, a direção de Wilder é novamente um primor mantendo o
ritmo e segurando a trama quando parece que vai sucumbir. Um belo trabalho.
Cotação: 8,3
Cotação: 8,3
8 – Irma La Douce (Idem, 1963)
Um policial (Jack Lemmon) se
apaixona por uma prostituta (Shirley McLaine) e, depois de contratempos,
percebe que para manter o relacionamento deveria desenvolver uma dupla
personalidade. Mais uma ótima comédia de Wilder, depois de grandes sucessos
como Quanto mais Quente Melhor e Se Meu Apartamento Falasse, mantém a
mesma fórmula do segundo, até com os mesmo atores principais. Os personagens
são bem caracterizados e a comédia se desenvolve com uma visão simples e
cativante. Destaque para o tema musical romântico de Margueritte Manot e André
Previn.
Cotação: 8,4
7 – Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957)
Um velho advogado (Charles
Laughton) decide adiar sua aposentadoria quando uma mulher (Marlene Dietrich)
em desespero o procura para que defenda seu marido (Tyrone Powell) no Old
Bailey (tribunal de Londres), que foi acusado de assassinato. Excelente
adaptação para o cinema da peça teatral da mítica Agatha Christie, que além de
manter o suspense o tempo todo, proporciona ótimas reviravoltas e ainda tem uma
dose certeira de humor. Destaque para Laughton em suas cenas hilariantes com
seus médicos incisivos e sua enfermeira vigilante e feroz (sua esposa na época
Elsa Lanchester). Dietrich e Powell também tem atuações acima da média. Um
libelo de Wilder.
Cotação: 8,8
Cotação: 8,8
6 – A Montanha dos Sete Abutres (The Big Carnival/Ace in The Hole,
1951)
Em uma cidade do interior de
Albuquerque, um repórter inescrupuloso forja uma situação dramática após um
acidente sonhando ganhar o Pulitzer, contando com a ganância de de algumas
pessoas e também dos jornais. Denúncia contra a imprensa que busca no
sensacionalismo uma forma de jornais a qualquer custo. O roteiro co-escrito por
Wilder é suavizada por alguns personagens e comportamentos dramáticos, ainda
assim, a narrativa sufoca o espectador do início ao fim. Com a mão primorosa do
diretor, Kirk Douglas tem uma performance espetacular!
Cotação: 8,9
5 – Se Meu Apartamento Falasse (The Apartament, 1962)
Escriturário solteiro empresta
seu apartamento para as aventuras sexuais de seus superiores acaba se
apaixonando pela amante do presidente da empresa, uma ascensorista simpática,
que acaba passando por grande depressão após o término do relacionamento.
História encantadora dirigida por Wilder nos estilo dos grandes clássicos de
Ernst Lubitsch e Frank Capra, que leva o público dos risos às lágrimas.
Atuações fenomenais de Jack Lemmon e Shirley McLaine (que ganhou o prêmio em
Veneza). Vencedor de 5 Oscar, incluindo melhor filme.
Cotação: 9,1
Cotação: 9,1
4 – Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944)
Wilder desta vez adapta ao lado
de Raymond Chandler o livro de James M. Cain e conta a história da desesperada
Phyllis (Barbara Stanwyck), que se une a um homem ganancioso para assassinar
seu marido e receber muito dinheiro do seguro de vida. Porém, entra em cena o
investigador Barton Keys (Edward G. Robinson), que está no encalço para provar
que não se trata de um suicídio. Um noir cheio de cenas brilhantes, que se
dispõe de uma trama que, mesmo que saibamos de toda a sujeira que envolve o
assassinato, ficamos na expectativa das habilidades de Robinson de farejar algo
que não se encaixa, e também a capacidade de Phyllis em dissimular.
Cotação: 9,3
Cotação: 9,3
3 – Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1958)
Dois
músicos (Tony Curtis e Jack Lemmon) testemunham uma chacina em Chicago, decidem
se vestirem de mulher e se infiltrar em uma banda feminina rumo à Miami, para
não serem mortos. Lá encontram Sugar Keane (Marilyn Monroe), por quem um deles
se apaixona. O humor é maleável e furtivo, é sem nenhum esforço mantém o
espectador com um grande sorriso no rosto. O mote musical que conduz a presença
de Sugar, é tão hipnotizante quanto o inocente sonho da moça em encontrar o
amor de sua vida. Obra-prima da comédia, que continua sendo copiada e
homenageada. Ainda tem a atuação extraordinária de Lemmon!
Cotação: 9,4
Cotação: 9,4
2 – Farrapo Humano (Lost Weekend, 1945)
Don Birnam (Ray Milland),
alcóolatra que em um quente fim de semana enfrenta o limite das provações de
quem é escravo do vício. Mesmo sob as súplicas de sua namorada Helen (Jane
Wyman) e de seu irmão Wyck (Phillip Terry), passa por cima de seus conceitos,
sonhos e pudores apenas para sustentar a insaciabilidade de um whisky. O
roteiro de Charles Brackett em conjunto a Wilder prima por trazer esse realismo
impiedoso para as telas, apesar de ver o fracasso de público que não estavam
acostumados com tanta veracidade. As leis de produção da época impôs um final
feliz ao filme. Entretanto, isso não apagou o brilhantismo do longa que
merecidamente recebeu diversos prêmios, entre eles 4 Oscar (Filme, diretor,
ator e roteiro) e a Palma de Ouro em Cannes (Diretor e ator).
Cotação: 9,5
Cotação: 9,5
1 – Crepúsculo do Deuses (Sunset Boulevard, 1950)
Roteirista
decadente começa o filme morto em uma piscina e reconta sua história de seu
relacionamento conturbado com uma ex-estrela do cinema mudo, obcecada pela
juventude e em retornar à fama. O roteiro escrito por Wilder com seu mais fiel
colaborador, Charles Brackett, se enverada no estudo do comportamento de quem
vive no ilusório mundo glamourizado da Hollywood da primeira metade do século
passado. Enaltece os contrapontos desta necessidade de chegar ao estrelato e
também o desejo de nunca sair dele. A metalinguagem impera de forma
conveniente, com referências a atores, diretores e outros poderosos da época. Uma das obras mais obscuras que se tem
notícia!
Cotação: 9,6
Cotação: 9,6