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terça-feira, 29 de julho de 2014

Os 10 mais: Billy Wilder

Se tem um diretor que aproveitou demais sua condição de notável no mundo do cinema, este foi Billy Wilder. Um monstro sagrado que conquistou o respeito do público, da crítica, dos atores e dos chefões dos estúdios por sua personalidade afável e sua capacidade de trabalhar nos mais diversos gêneros. Tanto que em cada um conseguiu fazer um filme que figura entre os melhores da história. O cineposforrest listou os 10 imperdíveis da filmografia desse grande diretor, conhecido por alguns como “o grande mentiroso” do meio cinematográfico, mas que na verdade no deliciou com pérolas inesquecíveis.



10 – Sabrina (Idem, 1954)

Filha (Audrey Hepburn) de um motorista de uma família milionária se apaixona por um dos filhos (Humphrey Bogart) do patrão, que deve se casar com uma ricaça por conveniência. O irmão (Willian Holden) do rapaz tenta resolver a situação enganando a mocinha. Bela produção em preto e branco, uma espécie de Romeu e Julieta misturado com A Gata Borralheira, que ganha ainda mais em simpatia devida a graciosidade e ternura de Hepburn na fotografia sensível do brilhante Charles Lang. Wilder dá seu toque pessoal em seu filme mais amoroso, para ver curtindo a canção La vie em Rose, o humor e as doces lágrimas da heroína. Apaixonante.
 Cotação: 8,1

9 – Inferno Nº 17 (Stalag 17, 1953)

Em 1944, 630 sargentos da Força Aérea são prisioneiros alemães e todos seus atos são de conhecimento de seus raptores. Um sujeito cínico (Willian Holden) e que não acredita que asirão vivos do local é tido como um traidor pelos outros presos. Com roteiro de Wilder e Edwin Blum, adaptado de uma peça de teatro, o filme ganha o público com piadas políticas e raciais, além de contar com uma dupla inspirada formada por Robert Strauss e Harvey Lambeck para isso. Apesar de tudo ser previsível e o suspense desvalorizado, a direção de Wilder é novamente um primor mantendo o ritmo e segurando a trama quando parece que vai sucumbir. Um belo trabalho.
Cotação: 8,3

8 – Irma La Douce (Idem, 1963)

Um policial (Jack Lemmon) se apaixona por uma prostituta (Shirley McLaine) e, depois de contratempos, percebe que para manter o relacionamento deveria desenvolver uma dupla personalidade. Mais uma ótima comédia de Wilder, depois de grandes sucessos como Quanto mais Quente Melhor e Se Meu Apartamento Falasse, mantém a mesma fórmula do segundo, até com os mesmo atores principais. Os personagens são bem caracterizados e a comédia se desenvolve com uma visão simples e cativante. Destaque para o tema musical romântico de Margueritte Manot e André Previn.

Cotação: 8,4

7 – Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957)

Um velho advogado (Charles Laughton) decide adiar sua aposentadoria quando uma mulher (Marlene Dietrich) em desespero o procura para que defenda seu marido (Tyrone Powell) no Old Bailey (tribunal de Londres), que foi acusado de assassinato. Excelente adaptação para o cinema da peça teatral da mítica Agatha Christie, que além de manter o suspense o tempo todo, proporciona ótimas reviravoltas e ainda tem uma dose certeira de humor. Destaque para Laughton em suas cenas hilariantes com seus médicos incisivos e sua enfermeira vigilante e feroz (sua esposa na época Elsa Lanchester). Dietrich e Powell também tem atuações acima da média. Um libelo de Wilder.
Cotação: 8,8

6 – A Montanha dos Sete Abutres (The Big Carnival/Ace in The Hole, 1951)

Em uma cidade do interior de Albuquerque, um repórter inescrupuloso forja uma situação dramática após um acidente sonhando ganhar o Pulitzer, contando com a ganância de de algumas pessoas e também dos jornais. Denúncia contra a imprensa que busca no sensacionalismo uma forma de jornais a qualquer custo. O roteiro co-escrito por Wilder é suavizada por alguns personagens e comportamentos dramáticos, ainda assim, a narrativa sufoca o espectador do início ao fim. Com a mão primorosa do diretor, Kirk Douglas tem uma performance espetacular!

Cotação: 8,9

5 – Se Meu Apartamento Falasse (The Apartament, 1962)

Escriturário solteiro empresta seu apartamento para as aventuras sexuais de seus superiores acaba se apaixonando pela amante do presidente da empresa, uma ascensorista simpática, que acaba passando por grande depressão após o término do relacionamento. História encantadora dirigida por Wilder nos estilo dos grandes clássicos de Ernst Lubitsch e Frank Capra, que leva o público dos risos às lágrimas. Atuações fenomenais de Jack Lemmon e Shirley McLaine (que ganhou o prêmio em Veneza). Vencedor de 5 Oscar, incluindo melhor filme.

Cotação: 9,1

4 – Pacto de Sangue (Double Indemnity, 1944)

Wilder desta vez adapta ao lado de Raymond Chandler o livro de James M. Cain e conta a história da desesperada Phyllis (Barbara Stanwyck), que se une a um homem ganancioso para assassinar seu marido e receber muito dinheiro do seguro de vida. Porém, entra em cena o investigador Barton Keys (Edward G. Robinson), que está no encalço para provar que não se trata de um suicídio. Um noir cheio de cenas brilhantes, que se dispõe de uma trama que, mesmo que saibamos de toda a sujeira que envolve o assassinato, ficamos na expectativa das habilidades de Robinson de farejar algo que não se encaixa, e também a capacidade de Phyllis em dissimular.
Cotação: 9,3

3 – Quanto Mais Quente Melhor (Some Like It Hot, 1958)

Dois músicos (Tony Curtis e Jack Lemmon) testemunham uma chacina em Chicago, decidem se vestirem de mulher e se infiltrar em uma banda feminina rumo à Miami, para não serem mortos. Lá encontram Sugar Keane (Marilyn Monroe), por quem um deles se apaixona. O humor é maleável e furtivo, é sem nenhum esforço mantém o espectador com um grande sorriso no rosto. O mote musical que conduz a presença de Sugar, é tão hipnotizante quanto o inocente sonho da moça em encontrar o amor de sua vida. Obra-prima da comédia, que continua sendo copiada e homenageada. Ainda tem a atuação extraordinária de Lemmon!
Cotação: 9,4

2 – Farrapo Humano (Lost Weekend, 1945)

Don Birnam (Ray Milland), alcóolatra que em um quente fim de semana enfrenta o limite das provações de quem é escravo do vício. Mesmo sob as súplicas de sua namorada Helen (Jane Wyman) e de seu irmão Wyck (Phillip Terry), passa por cima de seus conceitos, sonhos e pudores apenas para sustentar a insaciabilidade de um whisky. O roteiro de Charles Brackett em conjunto a Wilder prima por trazer esse realismo impiedoso para as telas, apesar de ver o fracasso de público que não estavam acostumados com tanta veracidade. As leis de produção da época impôs um final feliz ao filme. Entretanto, isso não apagou o brilhantismo do longa que merecidamente recebeu diversos prêmios, entre eles 4 Oscar (Filme,                                            diretor, ator e roteiro) e a Palma de Ouro em Cannes (Diretor e ator).
Cotação: 9,5

1 – Crepúsculo do Deuses (Sunset Boulevard, 1950)

Roteirista decadente começa o filme morto em uma piscina e reconta sua história de seu relacionamento conturbado com uma ex-estrela do cinema mudo, obcecada pela juventude e em retornar à fama. O roteiro escrito por Wilder com seu mais fiel colaborador, Charles Brackett, se enverada no estudo do comportamento de quem vive no ilusório mundo glamourizado da Hollywood da primeira metade do século passado. Enaltece os contrapontos desta necessidade de chegar ao estrelato e também o desejo de nunca sair dele. A metalinguagem impera de forma conveniente, com referências a atores, diretores e outros poderosos da época.  Uma das obras mais obscuras que se tem notícia!
Cotação: 9,6