Up, 2009. Dirigido por Bob
Petersen e Pete Docter.
Falar da competência do casamento
Disney/Pixar, quando se trata em fazer animações acima da média, é falar de
coisas que todo mundo que acompanha o mundo do cinema já sabe. Entretanto, não
há como segurar a excitação quando se aprecia um de seus longas que ultrapassa
a barreira que separa um filme bem feito e uma obra de arte categórica. Depois
de conseguir este feito com o excepcional Wall-E
(08), a dupla repete a dose com o tocante Up – Altas Aventuras, que engloba não só uma questão específica da vida,
mas sim um amontoado de lições, todas demarcadas com as artimanhas que o gênero
proporciona.
Carl Frederiksen é um vendedor de
balões de 78 anos que acabou de perder a esposa e também está prestes a perder
a casa onde teve uma vida plenamente feliz ao lado da amada. Sempre atormentado
por um empresário que deseja comprá-la para construir um edifício, ele segue
irredutível em deixar o local. Porém, quando agride um funcionário da empresa
de construção, é obrigado a ir para um asilo e vender a casa. Mas Carl, com a
ajuda de milhares de balões, faz sua casa flutuar e partir rumo ao “Paraíso das
Cachoeiras”, onde sempre sonhou ir com a esposa. Contudo, Russel, um pequeno
escoteiro de 8 anos acaba embarcando na viagem, e isso mudará suas vidas para
sempre.
Pode até parecer simplório: o
velho não gosta do menino, mas os dois tem carências a superar e um encontra no
outro o afeto que necessitam, mas com os roteiros da Disney nada é tão simples.
O texto de Bob Peterson e Pete Docter constrói vários conflitos de uma vez só,
ao invés de focar em uma só, como Ratatoulle
(06) que subjetivava a busca dos sonhos. É sobre amizade, que não tem
idade, sobre o afeto, o amor, e principalmente sobre a condição do idoso, pois
nunca é tarde para realizar seus objetivos de vida. Ser idoso não é doença.
Os diretores impõem um conteúdo
mais maduro e dramático no início do filme. Era impensável em uma animação para
família temas como envelhecimento, infertilidade e a morte assim tão presentes.
Aliás, a introdução de Up é os 10
minutos mais incríveis e bem elaborados que se tem notícia, são 70 anos
resumidos em imagens cruciais e trilha sonora excepcional de Michael Giacchino
(merecidamente premiada com o Oscar). Quase impossível que uma lágrima não surpreenda
o espectador assim que o recorte temporal termine.
Quando entra em cena, o menino
determinado a provar seu potencial como escoteiro, também carrega suas
aspirações, quer se provar um bom aventureiro para ser reconhecido pelo pai que
se distancia com a rotina de trabalho. A interação do pequeno com Carl e a
união pelo bem da estranha ave Kevin, além da “adoção” do abobalhado e
carinhoso cão Doug, é sublimemente divertido e paternal.
Um sucesso ululante, Up – Altas Aventuras foi o segundo da
sequência de três obras de arte que o casamento Disney/Pixar lançou em
sequência (entre Wall-E e Toy Story 3). Uma história de vida, de aventuras, de
amor, de viagens de balão, de sonhos, de cachorros que falam, e de tudo isso
junto.
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