The Croods, 2013. Dirigido por Chris Sanders e Kirk DeMicco. Vozes de Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Catherine Keener e Clarke Duke.
Nota: 8,3
O gênero da animação tem proporcionado
ao cinema contar histórias incríveis, fantasiosas, divertidas e emocionantes
para transmitir ideais que são muito úteis para nosso dia-a-dia. Seja o público
adulto ou infanto-juvenil, não há quem não se cative perante a figuras
encantadoras, que servem como subterfúgio para que um assunto delicado não se
torne duro demais para que os pequenos absorvam. Em Os Croods, o espectador viaja até a pré-história para acompanhar
uma família das cavernas, que tem de lidar com as mudanças que o mundo lhes
impõe.
Grug (Nicolas Cage) é o patriarca
que está sempre impondo regras para manter a segurança de sua família. Mas
quando a adolescente Eep (Emma Stone) começa a sentir vontade de conhecer
coisas novas, tudo sai dos conformes. Ela cruza o caminho de Guy (Ryan
Reynolds), um jovem mais moderno, que lhes apresentam ao fogo e muitos outros
artigos de vestuário, além de os alertarem para grandes mudanças que o planeta
já começou apresentar. Mesmo contrariado, Grug concorda em acompanhar o jovem
em busca da “Terra do Amanhã”, juntamente com a Vovó (Cloris Leachman), o
ingênuo Thunk (Clark Duke), de sua esposa Ugga (Catherine Keener) e da
pequenina selvagem Sandy (Randy Thom).
Depois de fazer obras baseadas em
personagens fantásticos, a DreamWorks volta seus olhares para os seres humanos,
mais precisamente para os primeiros anos de nossa existência. E aproveita tudo
o que este estágio evolutivo poderia oferecer: a descoberta do fogo, a firmação
de alguns hábitos que perduram até hoje e os mais variados animais bizarros que
provavelmente, ou não, habitavam a Terra naquela época. Cria um turbilhão de
ações e reações que quase sem esforço algum leva o público ao delírio cômico. O
contraste causado pela figura de Guy, de comportamento mais refinado, ou menos
truculento, é a principal fonte do humor do longa.
Entretanto, o que faz do filme de
Chris Sanders e Kirk DeMicco diferentes de outras animações do estúdio que
apelam ao frenesi escalafobético é a forma como encontraram espaço entre os
esquetes hilariantes para passar algo mais profundo. Usando de toda a cancha
que conseguiu na época em que trabalhava nos estúdios Disney, Sanders, que por
lá foi responsável por Mulan (98) e Lilo e Stitch (02), entre outros, impõe
ao público a reflexão sobre as mudanças que durante toda a vida devemos
enfrentar, e que não existe felicidade sem a descoberta de experiências novas.
Ainda sim não traça um determinismo, o que é certo e errado, a linha tênue
entre as escolhas é o que será, inevitavelmente, alcançado como o caminho certo
a seguir.
O visual inebriante do filme é
uma mostra que o estúdio é o grande adversário da poderosa Disney/Pixar no
gênero. O que diferencia as duas empresas é o refinado roteiro da Disney, porém
a adversária, começa a mostrar que pode sim criar obras que ofereçam muito mais
que qualidade técnica e humor.
Os Croods pode até não ser o melhor filme de animação dos últimos
tempos, mas com certeza é o mais divertido desde Shrek 2. Além do mais, faz uma poderosa mistura de entretenimento
de primeira classe com as lições de engrandecimento que sempre se espera de
bons longas do gênero. Tomara que marque o início de novos tempos para as
animações, que anda precisando de uma sacudida, e que todos os estúdios, assim
como os fofíssimos personagens desta história, não tenham medo de evoluir.
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