Direção:
Brett Rattner. Com: Nicolas Cage, Téa Leoni e Don Cheadle
Nota:
8.5
Chega
a época das festas de fim de ano e sempre nos vimos numa situação
similar a de todos os anos. De escolhas e resoluções. Como escapar
deste tópico se a TV é inundada por filmes natalinos em que uma
overdose de Papai Noel nem sempre pode significar algo de bom neste
propósito? Com esta temática raríssimas obras são relevantes, outras
meramente descartáveis, confundindo comédia e diversão com
papagaia idiota por demais.
Felizmente
este não é o caso de Um homem de família. O filme de Brett
Rattner é uma excelente escolha para esta época, pois consegue
um raro êxito de agradar aos dois lados da moeda. Nicolas
Cage está fabuloso como Jack Campbell, um
poderoso executivo que trocou um futuro familiar ao lado de seu amor de
faculdade por um estágio na bolsa de valores em Londres. Nem mesmo o
apelo emocionado de sua namorada Kate (Téa Leoni) o faz mudar
seus planos. A ambição do corretor falou mais alto e treze anos
depois, ele se viu na carreira dos sonhos e seguro o suficiente para
um pungente “Não” à tentativa de aproximação da ex na véspera de Natal. Para Jack a data só tem um significado: doação. Assim
ele doa todo seu tempo a trazer mais riqueza a sua polpuda conta bancária.
Nesta mesma noite, Jack vai sozinho a uma loja de conveniência e
impede um assalto. O bandido em questão é Cash (Don
Cheadle), uma espécie de fada madrinha com quem faz amizade de um
modo bem sincero e arrogante. Num passe de mágica, Cash mostra ao frio Jack como seria sua
vida se tivesse atendido ao apelo de Kate no aeroporto. Quando vai
dormir sozinho em seu luxuoso apartamento em Nova Iorque ele nem
imagina acordar pela manhã ao som da euforia gritante de filhos,
beijos da esposa e de sua cadela de estimação. Nesta realidade, o empresário
calculista se tornara um marido romântico, um pai amoroso e um amigo
solidário. A fabulosa carreira foi pro espaço e agora a
mediocridade como vendedor de pneus bate a porta de sua casa
suburbana de Nova Jersey. Perdido, ele demora assimilar que esta será
sua vida até que ele encontre a resposta para a pergunta: “Será
que ele conseguiu mesmo tudo que quis?”
O
roteiro não é algo novo e nos remete claramente ao clássico A
felicidade não se compra de Frank Capra. Mas então o que há de
tão especial nesta obra de sonhos, arrependimentos e revelação?
Primeiro a escolha do elenco. Este com certeza é um dos melhores e
mais prazerosos papéis em que vimos Cage. Ele consegue passar uma
veracidade sustentável a suas duas personas, e sua química com Téa
é perfeita. Bons tempos em que vimos o ator em plena forma
profissional e física. O roteiro repito, não é algo original, mas
com certeza é bem melhor trabalhado que outros que vemos aos montes
seja no cinema ou nos episódios especiais de séries de TV. A
história cômica, o romantismo e alguns momentos de drama estão
todos bem encaixados e seguem linearmente do início até o final
quando se repetem as situações dos dois personagens na perplexidade
de uma nova vida e redenção no aeroporto. A dosagem de pieguice, o
maior pecado destas obras, fica a cargo do espectador. Mas nem isso
tira o prazer desta fábula escrita por David Diamond e David
Weissman.
E
se você tivesse uma segunda chance? Será que abriria mão de tudo
que conquistou para viver uma vida mais afetiva ao lado de quem
realmente lhe tem amor? O tema é um chamariz mais que bem-vindo em
todas as épocas do ano, e o filme um deleite mais que perfeito
nessas ocasiões.
Um
Feliz Natal a todos!
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