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quinta-feira, 19 de julho de 2012

J. Edgar (2011)


J. Edgar, 2011. Dirigido por Clint Eastwood. Com Leonardo DiCaprio, Naomi Watts, Armie Hammer, Judi Dench e Josh Lucas.

Nota: 7.8

Um pouco mais de quatro décadas após Franklin J. Schaffner levar às telonas um dos mais controversos personagens da história americana, o General George S. Patton, Clint Eastwood resolveu levar ao conhecimento das gerações contemporâneas um pouco da vida de J. Edgar Hoover, o excêntrico e polêmico diretor do FBI, que esteve presentes nos principais acontecimentos policiais do país da década de 20 até o início dos anos 70. Foi tão admirado quanto odiado por muitas pessoas, e o diretor não tem a intenção de dizer o motivo.

A história acompanha J. Edgar (Leonardo DiCaprio) em suas lembranças que são reveladas a um agente, o qual muda de acordo com sua conveniência, que escreve sua biografia. Desde seu início como agente, passando pela instauração e consolidação do FBI, e fechando com seu reconhecimento. Mas o filme também mostra o lado que não revela ao escritor, entre eles, sua relação homossexual com seu braço-direito o agente Clyde Tolson (Armie Hammer), os métodos pouco ortodoxos com que conduzia investigações e seus segredos guardados com a ajuda de sua secretária pessoal Helen Gandy (Naomi Watts).

O roteiro de Dustin Lance Black esmiúça um lado mais íntimo de Edgar, pouco comentado pelos americanos, e expõe seus erros e acertos no decorrer de sua carreira, que pode ser considerada sua vida. O modo como explora seu confronto interno, suas dúvidas quanto a sexualidade, exponenciada pela presença de sua mãe (Judi Dench), e sua incessante busca pelo reconhecimento que depois se transforma em obsessão é a parte mais relevante do longa, sem dúvidas.

Eastwood, que adora se aprofundar na psique de seus personagens e decompor a sua personalidade, teve um prato cheio para usar de seus closes e planos contemplativos. O roteiro é concebido de forma não-linear, mas ele faz questão de interligar as sequências buscando uma mesma significação ou provocando contra-argumentos, deixando a responsabilidade de julgar se os fins utilizados por J. Edgar justificavam os meios em que agia. Isentou-se de qualquer opinião subliminar, o que pode ser considerado seu grande trunfo.

Porém a escolha do diretor de manter os mesmos atores sob pesada maquiagem foi seu grande erro. Como eram três os personagens a serem envelhecidos, o trabalho ficou abaixo do esperado em dois deles, o que tira grande parte da veracidade que todo filme busca ter, uma falha comprometedora.  As boas atuações de Watts e Hammer poderiam ter sido mais retumbantes se não tivessem de dar vida à versão idosa de seus personagens. Só Leonardo DiCaprio teve um capricho maior no seu processo de envelhecimento, e se aproveitou disso e entregou outra excelente atuação, claramente injustiçada no Oscar. Se Eastwood trocasse os outros dois por atores mais velhos, o que geralmente acontece (Watts ficou a cara da Helen Mirren), seu filme teria passado de bom para ótimo. Valeu como documento histórico, ficou devendo como cinema.

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