Nota: 9.5
O desafio de Chris Nolan era a de iniciar uma nova era do homem-morcego
nos cinemas, e assim o fez com o bom, porém contestado, Batman begins
(2005), que devido ser um filme transitório, mostrou algumas
deficiências, tais como ocorreram nos anteriores, principalmente na
parte técnica. A ansiedade de mostrar o novo Batman fez com que só se
preocupasse com o roteiro, isto é, o início da saga, deixando a desejar
na construção do ambiente sombrio que caracteriza o contexto do
personagem.
Agora um herói formado, Bruce Wayne (Christian Bale) enfrenta uma dicotomia da opinião pública sobre sua importância para a cidade. Quando entra em ação o insano vilão Coringa (Heath Ledger, extraordinário), que promove um caos desenfreado e promete minar as esperanças da população, o Homem-morcego precisará fazer aliados para enfrentá-lo. Terá em Harvey Dent (Aaron Eckhart) seu parceiro mais valioso, porém uma escolha de Batman mudará o rumo da história de todos à sua volta.
O brilhantismo do
roteiro, muito bem adaptado por sinal, se deve ao fato de encontrarmos
um Batman que necessita de ajuda, um mero ser humano que tem a seu favor
apenas a vontade de ajudar os desamparados e bilhões de dólares na
conta para bancar seus acessórios hi-tech. O elenco base foi mantido, só
que Aaron Eckart deu uma grande contribuição ao dar vida ao intrépido
Harvey Dent, pois soube dar a devida característica a cada uma de suas
facetas.
A parte técnica foi de fazer inveja a qualquer um, a alegre
Chicago se tornou a sombria Gothan, as cenas de ação não se tornaram
cansativas por terem, na maioria, sido filmadas em tamanho real, sem a
quebra de sequência que chateia os olhos. A direção de Nolan é segura, e em momento algum deixa o público ser levado pelas excelentes cenas de ação e perca o foco de seu contexto humanístico e sombrio.
Quando o diretor encarou o
desafio de inserir o vilão caótico Coringa, sabia que tinha de
ser algo diferente do palhaço de maquiagem irretocável e excessivamente
biruta, magnanimamente interpretado por Jack Nicholson. Começou dando
uma nova configuração ao personagem, que passou a ser um sóciopata
sedento pelo caos e tentando submeter a todos à desesperança que o
assombrou em sua infância. Heath Ledger conseguiu incorporar o estado de
anormalidade mental do vilão, irreconhecível o ator teve uma fusão com o
personagem, a veracidade das maldades chega a amedrontar! Tanto que se o
compararmos a Aanton Chigurgh (Javier Bardem, Onde os fracos não têm
vez, 2007), outro malvado assustador, esse não passaria de um de seus
capangas, mais mal-humorado e de cabelo ridículo.
Enfim, o longa de Nolan se
tornou a melhor adaptação de quadrinhos que o cinema já viu, suas oito
indicações ao Oscar não me deixam mentir (recorde entre as adaptações de
quadrinhos). Com um elenco em perfeita sintonia, fez um trabalhjo primoroso. Há de se lamentar apenas a morte do talentoso Ledger, que
nem pode apreciar seu maravilhoso trabalho e nem ver seu Coringa se
tornar o maior vilão que se tem notícia desde os primórdios da sétima
arte, e também, o preconceito da Academia que não indicou o filme e nem o
diretor para os prêmios principais.
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