Idem, 2012. Dirigido por José Joffily. Com Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo, Emilio Orciolo Neto, Dira Paes, Tainá Muller, Murilo Benício, Laura Neiva, Juliana Schalch e Seu Jorge. Comédia.
Nota: 7.5
Os filmes do gênero comédia
feitos no Brasil estão sendo tomados por produções de humoristas “modernos”,
aqueles que ganham a vida em programas de TV e com a cara limpa enfrentam o
público em shows stand-up. Porém em
sua transposição para as telonas, a fórmula acaba não funcionando, e a
linguagem cinematográfica acaba deixada em segundo plano, e o formato “TV
Globo”, acaba se tornando o humor pueril, chulo e repetitivo. Entretanto em E aí... comeu?, algumas coisas estão
melhores, uma pena que não consiga se libertar totalmente de certos estigmas.
A história gira em torno de três
amigos, Afonsinho (Emilio Orciolo Neto), Fernando (Bruno Mazzeo) e Honório
(Marcos Palmeira), cada um às voltas com um problema diferente, se encontram
diariamente em um bar para beber, falar da vida e, principalmente, de sexo. Os
três procuram nas teorias levantadas na mesa uma forma de resolver seus
impasses com as mulheres e tentar entender o que e como elas pensam. E contando
ainda com os depoimentos do simpático garçom Seu Jorge.
O roteiro de Marcelo Rubens
Paiva, adaptado de sua peça homônima, escancara o momento atual da sociedade,
onde as mulheres não são mais as mesmas de tempos em que eram submissas. Além
disso, mostra o comportamento masculino na posição de “sexo frágil”,
descrevendo com veracidade os sofrimentos e frustrações que estão propensos.
Paiva não poupa palavrões, que na proposta do longa não se torna algo inconveniente,
pois todo mundo sabe que em um grupo de amigos (de ambos sexos) os termos
utilizados para certas discussões são de um nível baixíssimo.
O filme flui, e as frases,
descrições e insinuações feitas pelos amigos não são constrangedoras, algo
comum neste tipo de comédia. Será fácil homens rirem ao se colocar no lugar de
algum dos amigos, e também as mulheres, por perceber que o sexo oposto não é
tão bonachão como seus papos propõe. Mas, o que vai dando certo começa a se
enfraquecer quando o trabalho do diretor é exigido.
José Joffily não consegue
transmitir a mesma riqueza da obra de Paiva, esquecendo-se de evitar que certas
partes da trama ficassem com um tom teatral. Sequências, como os tutoriais
estrelados por Neto e Palmeira, destoam do ritmo do filme. Além disso, o trecho
final acaba caindo na sina novelística da cinematografia produzida pela TV
Globo, muito careta e surreal para a pegada moderna em que começou.
Bruno Mazzeo consegue seu melhor
papel até momento, seu personagem transita entre vontade de superar a separação
e a paranóia de encarar a realidade. Palmeira e Orciolo Neto também dão
naturalidade ao comportamento dos machões.
E aí... comeu? não é uma grande maravilha da comédia nacional, mas
pelo menos aponta para uma luz em meio a tanta bobagem que surge todos os anos,
e que todos insistem em dizer que é humor. E no fim de tudo é uma obra
anti-machista, uma homenagem a liberdade feminina, e seu direito de fazer suas
próprias escolhas, e também os homens sofrerem.
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