Lindos e singelos, eles despertam sensações indescritíveis
capazes de tornar real todos os nossos sonhos, pelo menos nas telinhas. Os
filmes que falam de amor reúnem casais inesquecíveis, belos enredos e cenas
memoráveis. Difícil é tirar da mente e especialmente do coração a sensação de
uma felicidade extasiante que nos faz viajar através de um universo inquietante
chamado nós mesmos. Suspiros no ar, leveza nas palavras, coragem de viver a
vida que amamos. Aqui uma lista de dez dos mais belos filmes que tratam do tema
de várias maneiras nesta fábrica de sonhos:
O ÚLTIMO TANGO EM PARIS (Last Tango in Paris,
1972)
“Trancado dentro daquele apartamento, O último Tango
em Paris continua seguramente à frente dos filmes eróticos de fato”
Cássio Starling
Escandalosamente sensual. A
obra-prima de Bernardo Bertolucci
que chocou o mundo na época de sua exibição traz um romance apoiado num drama
psicológico muito bem arquitetado pela construção minimalista de seus
personagens. Paris novamente é o cenário de mais uma história de amor. Mas não
uma história convencional com suspiros, juras de amor eterno e o conhecido
final feliz. Aqui o desejo se sobrepõe a qualquer outro tipo de sentimento.
Nele, se centra a trama de um casal de desconhecidos que praticamente alugam o
mesmo apartamento e que, consumidos pela angústia de uma infelicidade
proeminente, se entregam ferozmente a uma aventura sexual inesquecível para
eles e para o público. O teor erótico da obra fez a censura dar saltos da poltrona.
Tudo isso firmado nos diálogos obscenos e cenas escandalosas que sintetizaram a
atuação soberba e por vezes improvisada de Marlon Brando como o homem de meia
idade que ao perder a mulher que cometeu suicídio, faz do sexo uma firmação
evasiva e pessoal. A força mitológica do filme se deve e muito à censura da
época, que vetou as sequências mais impressionáveis. Algo que só ajudou a
consolidar a diferença entre erotismo e pornografia. Por isso, hoje, recebe da
maioria dos críticos a menção como a obra de arte que realmente é. Reza a lenda
que parte das cenas eróticas teria saído dos desejos ocultos da mente de
Bertolucci. No entanto, polêmicas à parte, o fato é que O último Tango em Paris é um filme brilhante, ousado e que, mesmo
diante de todos os atenuantes, não deixa de ser uma história de amor. Uma
história que começa de um encontro meramente sexual entre o escritor americano Paul (Brando) e uma jovem francesa (Maria
Schneider) e segue a linha de todos os sentimentos nele inseridos. Atração,
afeto, necessidade, ciúme, insegurança. Uma apaixonante dança de interesses.
“Todos os mistérios que terá na vida estão aqui”
O AMOR É MISTÉRIO
PRA SE APAIXONAR: a
sequência do Tango num concurso de dança. Quando Paul (Brando) tira a jovem
insegura Jeanne (Maria Schneider) para dançar em meio aos concorrentes o que se
vê no meio do salão é espontâneo, divertido e apreciável. Nem mesmo o vislumbre
das nádegas de Brando, apaga momentos memoráveis de um romance, assim como
aqueles passos de dança, imprevisível.
UMA LINDA
MULHER (Pretty womam, 1989)
“Este filme é sobre esperança e sonhos que todos
nós temos, e o fato é que às vezes se torna realidade”
Garry Marshall, diretor
Qual é o seu sonho? Com Hollywood servindo como cenário desta
inesquecível história de amor, o diretor Garry
Marshall criou um brilhante roteiro em Uma
linda mulher, que mexe com todas as emoções de uma boa história de amor.
Nele vimos como a prostituta Vivian Ward
(Julia Roberts) conquista o coração
do milionário Edward Lewis (Richard Gere) depois que ele a contrata
por uma semana como companhia enquanto tenta fechar uma importante transação
empresarial. À medida que a semana vai passando, a relação entre os dois mundos
vai se estreitando por um ponto em comum: a solidão. Enquanto Edward não poupa
despesas para transformar a desbocada Vivian numa elegante dama, a moça vai
criando um afeto incontrolável por aquele que elegeu como seu príncipe
encantado. A reciprocidade é tamanha que o milionário deixa a frieza
empresarial de lado e assume um lado mais sentimental se apaixonando por uma
improvável pretendente. O romance hollywoodiano lembra muito a história da
Cinderela. Um conto de fadas que serve como pano de fundo para a criação
perfeita de um caso de amor que transcende a marginalização das ruas. Mas
afinal para quê mais serve os contos de fadas além de alterar a realidade?
Neste aspecto o filme se tornou um êxito tão absoluto que catapultou a carreira
do charmoso Richard Gere. Mas ninguém saiu ganhando mais nesta história do que
a belíssima Julia Roberts, que viu sua estrela brilhar numa atuação tão
perfeita que merecidamente foi indicada ao Oscar. Sua prostituta se tornou uma
das maiores heroínas românticas do cinema graças a seu talento e mais
precisamente à química primorosa com seu parceiro de cena. O filme marcou época
dando um toque de suavidade à tela ao resgatar os filmes do gênero. Romance,
humor, carisma e diversão dão um toque especial a esta obra histórica, que faz
qualquer mulher se sentir alguém especialmente linda.
“Eu fingia que era uma princesa presa numa Torre
por uma Rainha malvada e de repente um cavalheiro num cavalo branco com todas
aquelas cores brilhantes aparecendo na minha janela. Ele levantava a espada e
eu acenava. Ele subia na Torre e me salvava.”
O AMOR É UM SONHO
PRA SE
APAIXONAR: como qualquer conto de fadas que se preze,
a sequência final é feliz e inesquecível. Edward desiste de ir embora sozinho e
a caminho do aeroporto muda sua rota indo de encontro a Vivian. Chegando a seu
destino numa Limusine, o “Príncipe” usa o guarda-chuva como espada e a empunha
para o alto, subindo as escadas. O casal sela o felizes para sempre com um
beijo apaixonado.
GHOST – DO OUTRO LADO DA VIDA (Ghost,
1990)
“Imperdível”
Entertainment Weekly
Sucesso número um de bilheteria daquele ano, Ghost (que aqui foi estendido como o outro lado da vida), é até
hoje uma das histórias mais lembradas por todos os apaixonados. Talvez pelo
roteiro de tão original, que acabou levando o Oscar da categoria, ou pela
química do casal de protagonistas vividos pelo saudoso Patrick Swayze e a
estonteante Demi Moore, ou a canção Unchained
Melody, que se tornou um hino de amor decantado em todo mundo. Ou então a
interpretação premiada da excelente Woopi Goldberg. Enfim, poderíamos
enumerar todos os elementos que fizeram do filme de Jerry Zucker algo imperdível e um marco do cinema romântico. Um
deles é contar uma belíssima história firmada no poder do amor. Sam Wheat (Swayze) teve sua vida brutalmente interrompida num assalto
encomendado por seu melhor amigo (Tony
Goldwyn), deixando para trás sua namorada, a apaixonada Molly Jensen (Moore), que tenta em vão seguir em frente sem seu grande amor. Só
quando Sam procura ajuda na vidente Oda
Men (Goldberg), a história ganha
contornos mais empolgantes nos diálogos entre a vidente e o espírito do
executivo frente à descrença incessante da moça. Momentos inesquecíveis
proporcionados por um elenco super afinado que brilha em sequencias memoráveis.
O sucesso do filme tem origem bem conhecida. Nós, os espectadores. Fomos nós
que lotamos as salas de projeção, nos emocionamos com o drama vivido pelo
protagonista, rimos das trapalhadas da vidente picareta e o mais importante,
saímos acreditando na força do amor verdadeiro. Aquele que nem a morte pode
destruir. Antes de Melinda Gordon de Ghost
Winsperer resolver os problemas entre os dois mundos, Ghost nos dava uma
passagem segura pelos tortuosos caminhos do amor e com tudo que ele nos
proporciona. Romance, intriga, emoção e uma boa dose de humor. Inesquecível
neste e no outro lado da vida.
“O amor verdadeiro levamos
conosco.”
O AMOR É IMORTAL
PRA SE
APAIXONAR: Sam interpela Molly trabalhando em um
projeto com argila. Ali segue uma sequencia de ritmo delicado ao mesmo tempo
sensual e inebriante quando suas mãos se tocam moldando o barro numa clara
metáfora de como se deve moldar um relacionamento. Cheio de percalços,
imperfeições, mas com a força da união dos corações apaixonados de cada um. É
uma das cenas mais românticas de todos os tempos.
MOULIN ROUGE – AMOR EM VERMELHO (Moulin
Rouge, 2001)
“Ame ou odeie esta
obra de arte visual, você não poderá dizer que já viu algo assim”
1001 Filmes para ver antes de morrer
Um conto de amor que nasceu nos salões inebriantes de um famoso cabaré
da velha Paris. Moulin Rouge era o lugar preferido de todos os milionários da
cidade à procura do prazer da companhia das mais belas mulheres da região. As
noites festivas do estabelecimento agitavam a cidade luz, levando seus
habitantes a um frenesi absoluto de sonho e luxúria. E é numa destas noites que
o paupérrimo escritor Cristian (Ewan McGregor) se depara com a mulher
de seus sonhos, a belíssima Satine (Nicole Kidman). Toda a trama começa com
um escritor amargurado escrevendo suas memórias de um tempo de amor e beleza
que terminou de forma abrupta. Através de suas palavras somos levados a uma
sucessão de mal entendidos entre o casal. Quando a dançarina se encanta pelo
escritor acreditando ser seu mais nobre cliente, o Duque (Richard Roxburgh)
nasce um amor à primeira vista alimentado pelos belos poemas do rapaz para ela.
Dali por diante, o casal, envolto da energia romântica das músicas bem como as
palavras de amor, tende a lutar contra os terríveis contratempos de seu
romance, que inclui as intervenções políticas do Duque no cabaré e uma inesperada
doença da moça. Baz Luhrmann cria um
espetáculo visual tão assombroso quanto os empolgantes números que complementam
este esfuziante musical. Contudo, devemos ressaltar que a força de Moulin Rouge se encontra especialmente
na atuação divina de Kidman como Satine, contrastando com um tedioso McGregor.
Mesmo assim, a disparidade do casal não chega a comprometer o resultado final.
À primeira vista, o filme pode decepcionar, mas não há como não deixar de com
ele se relacionar, para depois tirar a impressão de que tudo dará certo no
final. Afinal, trata-se de amor. Amor como o oxigênio, como uma coisa
esplendorosa que nos leva às alturas. Não importa que críticas possam
permeá-lo, pois só precisamos de amor.
“A coisa mais importante que
se pode aprender é amar e em troca amado ser.”
O AMOR É COMPENSAÇÃO
PRA SE
APAIXONAR: depois de um divertido mal entendido no
Elefante quando a bela Satine (Kidman) não entende as intenções poéticas de
Cristian (McGregor), o tímido poeta então utiliza outra poderosa arma de
sedução: a música. Ele e Satine se deixam levar pelo clima inebriante da poesia
declamada através do som irresistível de uma canção que tocou seus corações.
Aliada às belas imagens do cenário criado por Luhrmann se tornam um espetáculo
tão apaixonante quanto inesquecível!
CLOSER – PERTO DEMAIS (Closer,
2004)
“Vibra
com o erotismo, gargalhadas e performances dinâmicas. Closer - perto demais é
um triunfo!”
Rolling Stone
Pense em casos de amor que nasce numa rua num simples ato de esbarrar
em alguém. Ou num casamento expirando seus últimos ares de um tempo romântico.
É o que acontece respectivamente com os casais formados por Natalie Portman,
Jude Law, Julia Roberts e Clive Owen. Os primeiros se esbarram
na rua quando a enigmática Alice Ayres
(Portman) sofre um acidente e é
socorrida pelo jornalista Dan (Jude Law). Este encontro casual dá
origem a uma relação cambaleante de dependência mútua que é nocauteada pelas
intervenções gradativas da fotógrafa Anna
(Roberts) e o médico Larry
(Owen). Um casal que tenta entender as razões de muitas idas e vindas do
casamento. Closer – perto demais brinca como uma dança das
cadeiras das emoções humanas pautado no mágico poder do amor. Contudo, o que
torna o brilhante filme de Mike Nichols
algo hipnotizante é a ruptura deste amor mágico, aquele visto como um sonho
surreal de felicidade eterna. A visão madura que o diretor dá a sua história de
amor nos faz refletir mais sobre o eu ligado a cada um de nós do que a vida em
comum que temos com outra pessoa e os proeminentes sentimentos suspirantes de
um romance idealizado. Aqui não há finais felizes proporcionados pelo nós, num
estalo fulminante de paixão, e sim finais em que o protagonista principal é o
eu, o próprio ser humano, que delineia seu próprio destino. Os românticos
ortodoxos que me desculpem, mas é simplesmente impossível não se apaixonar
perdidamente pela história e suas incríveis nuances amparadas por um texto
extraordinário e atuações irretocáveis. Destaque para Natalie Portman, indicada
ao Oscar numa performance estupenda tanto na suavidade do romantismo quanto na
dinâmica do erotismo. Sua personagem parece sintetizar os dois elementos
primordiais deste sucesso cinematográfico, que nos faz olhar pra perto demais
de nosso íntimo e, o mais fundamental, amar o que vemos.
“Onde está o amor? Eu não
vejo, não toco, eu não sinto.”
O AMOR É ILUSÃO
PRA SE
APAIXONAR: a sequência inicial do filme quando Alice
e Dan se entreolham no meio de tantos rostos pelas ruas ao fundo a canção “The
Blower’s Daughter” de Damien Rice. Um momento forte e singelo que abre e
encerra o filme. É impossível não se deixar levar pela sedução extasiante da
belíssima letra da canção fundida com os sentimentos dos personagens.
Simplesmente apaixonante!
MEMÓRIAS
DE UMA GUEIXA (Memoirs of a Geisha, 2005)
“Uma adaptação visualmente estarrecedora do romance
best-seller de Arthur Golden”
Oakland Tribune
Depois do estrondoso sucesso
de Chicago, onde mostrou o universo
das estrelas dos espetáculos musicais, o diretor Rob Marshall investe em mais um seleto grupo de estrelas
fascinantes. As gueixas japonesas. Em Memórias
de uma Gueixa, ele novamente
utiliza a linguagem corporal como base para contar uma história de amor moldada
por este hipnotizante universo. O filme narra as memórias da jovem Sayuri (Ziyi Zang) desde sua infância paupérrima até se tornar a mais
cobiçada Gueixa da cidade. Na trama, momentos dramáticos de sua vida são o que
não faltam. Vendida pelos pais, ela vai parar na mais famosa Okiya e começa seu treinamento para se
tornar uma Gueixa. Sim, treinamento. Pois ao contrário do que todos possam
pensar aqui as gueixas são mostradas mais como artistas do que qualquer outro
estigma que posam tê-las acompanhado durante anos e anos. E é a mais pura arte
eu impulsiona o filme de Marshall. A beleza das coreografias se mescla com um
visual deslumbrante dos cenários e figurinos ajudando a criar uma magia
impressionante na história de amor entre Sayuri e seu eleito, o Presidente (Ken Watanabe). Mas antes de poder viver intensamente esta paixão
que nasceu enquanto ainda era uma criança, a jovem, como qualquer heroína
romântica teve de enfrentar grandes barreiras. Entre elas a acirrada rivalidade
entre as casas e suas estrelas, a inveja de uma estrela decadente (Gong Li)
e os fortes preceitos de que uma Gueixa nasceu para entreter e não se
apaixonar. Com a ajuda providencial de Mameha
(Michelle Yeoh), a jovem sonhadora
finalmente encontra o que procurava nos braços de seu amado. Apesar da
resistência de alguns críticos ao trabalho feito por Marshall e a polêmica em
torno da escolha de sua protagonista, o filme é um espetáculo em todos os
níveis. A belíssima história, a construção dos personagens e o elenco
representando o melhor da nata oriental, tornam este romance visual algo para
ficar na memória.
“Não se pode dizer para o Sol mais Sol ou para a chuva
menos chuva.”
O AMOR É IMUTÁVEL
PRA SE APAIXONAR: a apresentação oficial da gueixa Sayuri numa
conceituada casa de shows. A música perfeita ao fundo acompanha uma dança
hipnotizante de uma beleza surreal aos olhos de todos, especialmente do
Presidente.
O SEGREDO DE BROCKEBACK MOUNTAIN (Brockeback Mountain , 2006)
“Acho que a ansiedade maior era fazer jus à beleza
da história. O roteiro era perfeito, com um diretor perfeito e eu não queria
ser o cara que estragaria tudo”.
Heath Leadger, um
dos protagonistas do filme
Amores proibidos sempre
estiveram à frente das mais fascinantes histórias em Hollywood. E pensando
neste poderoso mote, o visionário diretor Ang
Lee trouxe para as telas uma surpreendente história entre dois jovens
vaqueiros na década de 60. Ennis Del Mar
(Heath Leadger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) são contratados para trabalhar no campo em
Wyoming. A parceria de trabalho logo dá lugar a uma forte atração que um passa
a nutrir pelo outro. Juntos, eles vivem intensas emoções dantes inimagináveis
para cada um deles. Contudo, os dias de sonho são tomados pela realidade dos
compromissos firmados na vida fora do campo, obrigando-os a sufocar este
sentimento. Ennis constrói uma família com a batalhadora Alma (Michelle Williams)
enquanto Jack se envolve com a campeã de rodeios Lureen (Anne Hathaway).
Anos depois, eles passam a recorrer a encontros esporádicos no lugar onde
descobriram sua paixão. A relutância de Ennis em assumir sua condição se explica
pela violência de uma sociedade brutalizada pela ignorância. E é justamente
este atenuante que põe fim à este romance inesquecível. A ousadia em fazer um
filme com um tema tão polêmico entrou para a história ao superar o preconceito
e derrubar os mais indissolúveis tabus. O
segredo de Brockeback Mountain
tinha tudo para se tornar um estereótipo de zombaria que diariamente aparece
nos programas de humor, se não fosse pela visão inteligente e sensível de um
diretor que soube contar de forma genial algo bem maior que um filme de cowboys
gays. O murmúrio gerado em torno do tema é rapidamente sufocado pelo roteiro
formidável, interpretações seguras que dão suporte a uma fantástica história de
amor. Seu poder reside em mostrar o lado mítico do amor incondicional e suas
razões de ser mesmo diante de tantas adversidades. Aclamado pelo público e pela
crítica, é uma obra-prima que toca os corações, faz refletir e desperta emoções
tão fundamentais quanto à certeza de que o amor é mesmo capaz de mover
montanhas.
“Às vezes sinto tanto sua falta que acho que não vou
conseguir”
O AMOR É PERSEVERANTE
PRA SE APAIXONAR: o pensativo Ennis à beira da fogueira tenta
controlar suas recentes emoções em vão. Ele adentra a barraca onde Jack o
espera e se rende à paixão. Na manhã seguinte, os dois marmanjos transformam-se
em meninos numa brincadeira que simboliza os momentos que estão partilhando
entre eles com a natureza de testemunha.
DESEJO E REPARAÇÃO
(Atonement, 2007)
“Desejo e reparação mistura a prosa sofisticada de McEwan
ao estilo direto de Wright”
SET
O casamento do diretor Jon Wright com as páginas teve seu
ápice neste romance irretocável vencedor do Globo de Ouro em 2008. Baseado no
best-seller de Ian McEwan, o filme
narra a história de Briony Talles (Saiorse Ronan), uma jovem aspirante à
escritora que usa sua ferrenha imaginação para destruir o amor de sua irmã Cecília (Keira Knightley) pelo jovem batalhador Robbie Turner (James McAvoy),
por quem Briony também nutre sentimentos apesar da pouca idade. Ao flagrar os
dois amantes juntos na biblioteca, ela se deixa levar pelo ciúme. O desejo de
vingança a leva a um surto de criatividade ao acusar o rapaz de um crime que
não cometeu. Separados pela mentira, o jovem casal vive dramaticamente o
restante de suas vidas com a chegada da Segunda Guerra Mundial. A família de
Cecília perde todo seu status e fortuna enquanto ela se torna voluntária nas
enfermarias improvisadas. Robbie ingressa nas Forças Armadas, passando por
todos os tipos de provação nos fronts
na esperança de um dia rever seu amor e concretizar seus sentimentos por ela.
Em vão. Ambos acabam sendo vítimas do momento opressor e veem seus sonhos
destruídos. Agora cabe a talentosa Briony dar a eles o final feliz como
expiação de um erro irreparável. A construção minimalista da personagem central
a qual se desenvolve a trama é o ponto principal de Desejo e reparação. A veterana Vanessa Redgrave e a jovem Romola
Garai imprimem segurança as nuances categóricas de Briony a cada passagem de
tempo, mas é na interpretação soberba de Ronan que reside à força da história
muito bem contada por um grande roteiro intercalado por sequências de rara
primazia. Wright acerta na escolha de seus protagonistas e eleva seu filme a
categoria de uma das melhores obras românticas já feitas no cinema. Nele são
inseridos tópicos interessantes da dualidade humana como fio condutor de uma
fabulosa história e suas vertentes de amor, paixão, desejo e reparação.
“Mas que sentido de esperança
ou satisfação poderia ter o leitor com um final desses? Por isso, no livro, eu
quis dar a Robbie e Cecília o que eles perderam na vida. Gostaria de pensar que
isto não é fraqueza ou evasão, mas um ato final de bondade. Eu doei a eles sua
felicidade.”
O AMOR É DOAÇÃO
PRA SE APAIXONAR: a
sequência final do filme em que Briony, já em idade avançada confessa que o
final feliz que os jovens tanto ansiavam veio por meio das páginas de sua
última obra. Enquanto narra detalhadamente às razões que a levaram a este ato,
vimos Cecília e Robbie emanando a alegria de todo o amor que nutriam frente às
ondas do mar. Uma sequência de imagens belíssimas e apaixonantes!
PIAF – UM HINO AO AMOR (Piaf, 2008)
“O mais impressionante
mergulho de uma artista no corpo e alma de outra artista que jamais vi no
cinema”
THE NEW YORK TIMES
Poucos filmes biográficos
tiveram um casamento tão perfeito com a mais pura arte quanto Piaf – Um hino ao amor. O filme de Olivier Dahan traça um perfil artístico
minucioso de uma das maiores estrelas da música mundial. Edith Piaf (Marion Cotillard) tinha tudo para ser mais uma
das enormes afortunadas na miséria da França, senão fosse seu enorme talento para
cantar e despertar paixões. A extraordinária vocação vem desde a infância onde
começou a se apresentar nas ruas com o pai. Na juventude, ela logo chama a
atenção de Louis Leble (Gérard Depardieu), um conhecido
empresário do ramo musical. Sua carreira decola a um compasso meteórico e suas
apresentações encantam a Europa. No entanto, como acontece com a maioria das
estrelas, sua vida profissional entra em descompasso com a pessoal quando uma
série de traumas sofridos a leva ao declínio profissional e físico. No entanto,
a personalidade apaixonante da cantora conduz o filme de maneira homogênea e é
extasiante admirar sua força de vontade e determinação por algo que faz com
amor. Uma personagem desnuda pelos acertos e especialmente pelos erros, numa
notória eficiência de seu roteiro que vai do passado ao presente pautado na
escuridão hipnotizante de Piaf, uma figura tão complexa. Tudo captado com
precisão pelas lentes de Dahan. O teor biográfico da obra é o levante para se
apreciar. As passagens de tempo perfeitamente intercaladas pelo roteiro leva o
espectador a conhecer as incríveis nuances de uma estrela esplendorosa
magnificamente interpretada por Cotillard. A atriz capta com maestria as
características tão físicas quanto psicológicas de Piaf. Uma mulher que soube
usar a arte de amar como poucas. “Ame”,
foi um dos últimos conselhos que deixou a todas as mulheres em suas últimas
entrevistas. Um deslumbramento primal para uma obra que funde magnificamente a
paixão decantada pela música e pelo cinema como um hino que nos encanta
gerações.
“Rezo porque acredito no
amor.”
O AMOR É FÉ
PRA SE APAIXONAR: a apresentação final de Piaf
precedida de uma entrevista emocionante da cantora que tricota frente ao mar. A
música é belíssima e a interpretação de Cotillard é arrepiante. Um verdadeiro
hino ao amor!
AO ENTARDECER (Evening,
2009)
“Ao entardecer nos brinda com
a sensibilidade de um elenco poderoso”
Flávia
Cristina, fã de grandes atrizes
Depois do entardecer vem chega
a noite e junto com ela a escuridão que nos toma por completo nos obrigando a
um encontro intimista com erros e acertos de nossa vida. Este é o tema
principal da história de Ann (Vanessa Redgrave), uma senhora que está
no leito de morte e resolve fazer um balanço de tudo que viveu. Ela volta há 40
anos, mas precisamente ao final de semana do casamento de sua melhor amiga.
Época em que acredita ter encontrado e perdido sua felicidade com o único homem
que amou. A jovem Ann Grant (Claire Danes) e o charmoso Harris Arden (Patrick Wilson) passam
apenas uma noite juntos, mas o suficiente para nascer entre eles uma forte
paixão. Apaixonados, chegam a fazer planos até a morte precoce de Buddy (Hugh Dancy), amigo em comum do casal interrompe seus sonhos. Dali
por diante a vida de Ann e Harris é marcada por frustações inimagináveis. Sendo
a maior delas nunca terem se visto mais. Baseado na obra de Susan Minot e desenvolvido para o cinema
pelo roteirista Michael Cunningham, é uma grata revelação contextualizada
numa grande história com um belo roteiro e o mais fundamental, um passeio pelos
impulsos das paixões, que sempre nos obriga a conviver com nossas escolhas. Apaixonante
em todos os sentidos. Desde a locação magnífica, a trilha sonora, até a escolha
do elenco, a espinha dorsal da trama. Além da extraordinária Redgrave e a
promissora Danes, as presenças de Toni Collette, Glenn Close e a fabulosa Meryl
Streep, engrandecem o filme de uma maneira jamais vista no cinema. No entanto
nem só de grandes interpretações femininas se faz Ao entardecer. O jovem Dancy também marca uma forte presença em
cena. A complexidade dos personagens exigia um elenco grandioso e sensível,
pois se trata de uma obra tal qual que toca no mais íntimo dos sentimentos.
Aqueles mais adormecidos que de vez ou outra acordam num entardecer de nossa
existência.
“Nós somos criaturas
misteriosas, não somos? E no final tanta coisa acaba não tendo importância.”
O AMOR É VIDA
PRA SE APAIXONAR: Ann e Harris saem para um passeio
noturno quando o rapaz lhe mostra uma estrela a qual batizou ser “madrinha” de
sua paixão. Ali, com ela como testemunha, selam o primeiro beijo.